PRIMEIRA MENSAGEM
de Rafael A B Pavani

PRIMEIRA RESPOSTA
de Marcus Valerio XR

SEGUNDA MENSAGEM
de Rafael A B Pavani

SEGUNDA RESPOSTA
de Marcus Valerio XR

MINHA RESPOSTA
Em "breve"?

Criacionismo: Fatos e Fé – Terceira Parte

Rafael A. B. Pavani

 

            Olá Marcus, continuemos agora o debate sobre o Evolucionismo e o Criacionismo. Tenho muitos comentários e argumentos a colocar, fazendo desta Terceira Parte a maior das três, maior que as outras duas juntas, talvez podendo até ser considerada o ápice de nosso diálogo.  Peço-lhe paciência e atenção à minha exposição, e não me importo se você demorar meses para responder, mas gostaria que compreendesse na íntegra o conteúdo.

 

Logo após enviar meu segundo texto sobre o Criacionismo (26/06/04), comecei a ler o livro Evolução – Um Livro Texto Crítico, de Reinhard Junker e Siegfried Scherer, ano 2002, traduzido pela Sociedade Criacionista Brasileira e à venda no site www.scb.org.br. É um livro fantástico, estritamente científico, com uma análise decente e objetiva, expondo os mecanismos evolutivos e apresentando os pontos falhos na generalização evolutiva. Todos os que querem defender ou criticar a evolução deveriam dar uma olhada nesse livro, que inclui explicações populacionais, bioquímicas, embriológicas, geológicas, paleontológicas, entre outras.  Li um terço do livro e até agora os dados utilizados são consistentes com aqueles encontrados em qualquer livro de ciência, especialmente nas partes de bactérias e de bioquímica, as quais tenho maior conhecimento. Com relação aos conceitos populacionais, procurei em outros livros de biologia e encontrei tudo correto.

            Também passei a conhecer melhor o site www.creationscience.com, com a Teoria das Hidroplacas em detalhes e de domínio público, para ser analisada por qualquer um.  Pelo que conheço dela, explica muito bem o Dilúvio e dá bases científicas para esse e para algumas outras situações, inclusive os fósseis, montanhas, canyons, etc.  Vou apresentá-la melhor no tópico IV.

            Recentemente adquiri um excelente livro de Biologia denominado VIDA – A Ciência da Biologia (2002), de William K. Purves, David Sadava, Gordon H. Orians e H. Craig Heller, fundamentado na Evolução segundo os autores, mas sensato mesmo nesse assunto, pelo que pude constatar superficialmente. O estudo da Evolução pode, inclusive, ser contrastado com o Evolução – Um Livro Texto Crítico.  Por ser o “Vida” um livro atual e ótimo a meu ver, totalmente evolucionista (até com algumas breves críticas ácidas ao criacionismo), tentarei usá-lo como referência padrão.

            Outro bom livro criacionista é o Em Busca das Origens – Evolução ou Criação? (2002), ricamente ilustrado. Ainda não o conheço bem, e seu conteúdo é mais voltado à Geologia, Paleontologia e métodos de datação, enquanto o “Livro Crítico” é mais embasado na Biologia.  Também está à venda no site www.scb.org.br, por onde os adquiri através de um ótimo serviço. O preço dos livros é abaixo do mercado, considerando sua excelente qualidade. (Deixo claro que não faço parte da SCB, nem tenho qualquer ligação com ela. Apenas não conheço outras maneiras de adquirir esses livros).

 

            Mudando de assunto, queria elucidar minha posição referente à Teoria da Evolução, talvez não muito clara nos outros textos. Acho-a interessante e lógica no geral, servindo de auxílio na ciência ao dificultar colocar em Deus a explicação para vários fenômenos. Contudo ela não é necessária a esse propósito, pois muitos cientistas de renome eram criacionistas e isso não os impediu de desvendar os mistérios da criação de Deus, que pode ser estudada como uma maneira de conhecer o Criador. Acredito que as pesquisas baseadas na Teoria da Evolução auxiliaram na compreensão da natureza e de fenômenos naturais como a Seleção Natural, apesar de não ser necessária para isso também. Parte das descobertas feitas utilizando-a como paradigma são condizentes com a proposta criacionista, por indicarem a possibilidade de variação rápida na natureza. Talvez antigamente o criacionismo considerasse espécies imutáveis, mas já foi demonstrado que isso não ocorre.  Charles Darwin foi muito metódico e sensato, incluindo em sua obra os vieses da Evolução, desconsiderados por muitos evolucionistas atuais. Suas observações foram muito importantes para o desenvolvimento da Ciência. Outros comentários seguem no decorrer do texto.

           

Adentrando sua tréplica, eu não disse que a cosmogonia e a abiogênese fazem parte dos estudos da evolução, mas a complementam de forma indispensável. Se esse princípio pode ser descartado, como se explicaria as origens?  Então podemos estudar a História Natural de uma terra jovem sem recorrer à época de sua criação, considerando apenas os efeitos naturais pós-Criação e pós início do Dilúvio, já que o restante seria conseqüência desses fenômenos, ou mesmo apenas da Criação, se considerarmos que existem hipóteses para um Dilúvio natural, como visto na Teoria das Hidroplacas. O nosso objetivo é interpretar os dados obtidos na observação da natureza, e eles podem muito bem ser colocados sob a perspectiva de uma terra jovem, talvez até melhor que sob a de uma terra antiga.  Para mim, contudo, todas as ciências são interligadas e os estudos interferem umas nas outras.

 

            A ciência deve ser conciliadora. A evolução, se depender de um tempo inimaginável e uma origem sem interferência tanto no âmbito cosmológico como no bioquímico, não tem qualquer sentido se não houver explicação para esses fatores. Contudo, podemos considerá-la independente de sua origem, iniciando com um princípio já definido e sem explicação.  No caso, um planeta inóspito com uma molécula replicável, ou algo assim, e nada mais.

            Nesse ponto de vista, também podemos dividir o criacionismo em diversas áreas independentes: 1) A Gênese, tratando de como Deus criou tudo em 6 dias, 2) Estudo do universo sob uma perspectiva de cerca de 10.000 anos, 3) Período pré-diluviano, com a geografia, biologia, geologia, atmosfera, entre outros, 4) O Dilúvio, 5) História bíblica, iniciando logo após o Dilúvio e explicando a origem da diversidade da vida, além da divisão convencional em biologia, geologia, cosmologia, paleontologia, história... [alguns exemplos são: “Evolução – Um Livro Texto Crítico”: Biologia, Paleontologia. “Em Busca das Origens”: Geologia, Paleontologia. “In The Beggining (www.creationscience.com)”:   principalmente Geologia, com Astronomia, Física, e outras. www.globalflood.org: Geologia e física (?). “Starlight and Time” de Dr Russel (www.icr.org): Cosmologia, Cosmogonia, astronomia, física (?). www.icr.org: várias áreas.].  O estudo da natureza e da sua rápida (para a Teoria da Evolução) transformação não está necessariamente ligado a qualquer estudo de épocas anteriores, considerando como início um planeta fértil com toda a vida genética atual já presente.  Se unirmos o estudo do planeta como um todo, podemos partir de Adão e Eva, incluindo o Dilúvio.  O fato de este ser ou não sobrenatural não tem importância, mas sim suas conseqüências. Contudo, veremos que este também pode ter sido natural (tópico IV).

 

            Quando estudamos a vida, não podemos nos apegar apenas aos conceitos, como por exemplo considerar que a ciência só trata de assuntos naturais (não-sobrenaturais), e como Deus e a Criação Divina são sobrenaturais, desconsiderados no estudo naturalista da natureza, hipóteses relacionadas a esses sobrenaturais não podem ser consideradas científicas, e portanto são falsas.  Não estamos interessados no que é estritamente “científico”, mas sim na busca do que é real.  O amor de uma mãe por um filho é real, mas de modo algum científico.  Não há como “provar”, pois todos os métodos estariam sujeitos à contestação de que ela poderia estar mentindo, estar enganada, ou não saber o que sente na verdade. Nenhuma prova poderia demonstrar com certeza essa verdade, já que a alegação de qualquer outro motivo para seus cuidados também não pode ser provada.  Portanto, se procuramos a verdade, é necessário estar ciente de que nem sempre ela é compreensível ou testável, não deixando de ser, por isso, verdade.

 

            Marcus, gostaria de dizer que aprecio essa discussão, pois aprendo muito ao ter que estudar para responder aos argumentos. Eu não acredito no criacionismo apenas por conveniência ou por estar cegado pela religião. Tenho muitos motivos baseados na observação da Natureza, incluindo as áreas biológicas, geológicas, químicas, físicas e até cosmológicas. Minhas convicções são amplamente baseadas na Ciência, e digo isso porque conheço a base da maioria das ciências, muito bem colocadas no Ensino Médio e na minha formação médica. Já não acreditava em alguns conceitos da evolução antes de saber da existência do criacionismo, assim como hoje duvido de muitas das divulgações científicas que ocorrem. O meio científico não é santo, a fama e o dinheiro valem muito mais que a honestidade para várias pessoas, inclusive para alguns dos melhores cientistas. Cientistas são pessoas comuns como nós, trabalham com pressupostos e objetivos, e também estão sujeitos a idealismo, preconceitos, erros, equívocos e até fraudes. Suas disputas não são raras, e muitos querem ganhar com a evolução. Por outro lado, defender o criacionismo traz muito mais prejuízos, a começar pelo rótulo de ignorantes, fanáticos, mentirosos, entre outros, e total descrédito científico, por melhor que sejam as hipóteses e pesquisas.

           

            Você citou algo sobre a água do Dilúvio não encobrir toda a terra, então vou desenvolver esse assunto, mas no tópico relacionado (o IV, Deriva dos Continentes, por conter a discussão dos efeitos gerais do Dilúvio no planeta).

 

            Outra observação a fazer: apesar de ter me referido às hipóteses por mim apresentadas como minhas em algumas partes, muitas eu conheci com o criacionismo nas palestras do físico Adauto Lourenço e nos sites que citei, e apenas algumas eu tentei elaborar. Não obstante, a grande maioria dos argumentos e observações foi feita por mim, sem base em conhecimento das hipóteses “oficiais”. Comento só os assuntos abordados por mim ou com os quais concordo, por saber algo a respeito. Do que não conheço, evito opinar.

 

            Os demais comentários que você fez pertinentes a Deus e à Bíblia eu não irei considerar, ou iríamos começar a discutir Teologia. Vamos nos ater às observações da natureza e à sua interpretação científica, seja no âmbito de uma terra antiga ou de uma terra jovem.

 

            Antes, vou apresentar uma listagem dos tópicos, já que não será tão fácil distingui-los nesse texto imenso.

 

I)                   Diversidade Humana e Genética Populacional: o tópico com mais conteúdo, dividido em 3 temas: Conceitos Evolutivos e Evolução Humana; Genética de Populações; e Tempo para a diversificação.

II)                 Diferenciação dos Animais: contém mais alguns mecanismos evolutivos e aplicação da genética.

III)              Pingüins: demonstrando a possibilidade da dispersão de pingüins a partir do Oriente Médio e sua chegada à Antártida.

IV)              Dilúvio, Deriva dos Continentes e Hidroplacas: discussão do modelo criacionista catastrofista sobre a geologia, placas continentais e Dilúvio.

V)                Arca de Noé, Animais e Plantas no Dilúvio: análise da viabilidade da Arca e sobrevivência de animais e plantas durante o Dilúvio, entre outros assuntos relacionados.

VI)              Dispersão dos Animais pelo Mundo: como teriam ocorrido as migrações e a dispersão; sucessão ecológica; alguns mecanismos e exemplos de dispersão bem explicativos.

VII)           Evolução Celular, Ontogênese, Estruturas Vestigiais: evolução de unicelular para multicelular, fósseis, divisão celular, alguns vestígios.

VIII)         A Ciência e as Escrituras. Conclusões: discussão mais filosófica, finalização.

 

Resolvi colorir os títulos e os comentários feitos por você, estes em azul escuro, facilitando a leitura. Aconselho ler também as Referências no fim da Terceira Parte, ficou interessante.

 

            I) Diversidade Humana e Genética Populacional

 

            Devido a alguns problemas conceituais e desconhecimento de genética populacional, esse tópico será dividido em 3 partes para uma pretensão de apresentação completa das hipóteses evolucionistas e criacionistas, além de explicações sobre genética populacional.  Pode haver alguma confusão, mas tudo será baseado na ciência, ou seja, em leis genéticas populacionais conhecidas, pesquisas evolutivas recentes, e análise crítica das possibilidades.  Os temas serão:

 

A)    Conceitos Evolutivos e a Evolução Humana, com o modo como a evolução explica as migrações, o que se entende por evolução e como surgiram as etnias.

B)     Genética de Populações, explicando potencial genético, seleção e diversificação.

C)    O Tempo, com uma tentativa baseada nos temas anteriores e em outros dados de propor a distribuição e variação “rápidas” para os seres humanos.

 

Como esses temas são todos demorados para explicar e temo não ser compreendido, a resposta para esse tópico ficará muito extensa. Veja que não estou interessado apenas em responder à sua questão “Como se desenvolveram as diversas etnias em tão pouco tempo”, mas demonstrar como funcionam as leis populacionais e que não é necessário mais de 5.000 anos para o surgimento da diversidade humana, já que se trata de uma dúvida bem vaga, para a qual várias respostas podem não ser aceitas.

 

Antes de iniciar a leitura, gostaria de pedir encarecidamente a atenção absoluta para o texto. Sei que pode ser difícil, contudo disso depende a compreensão, e os frutos serão muito proveitosos. Eu demorei muito para escrever e pesquisei bastante para chegar a esse texto. Quando dúvidas maiores surgirem, aconselho a estudar diretamente nos livros.

 

A)   Conceitos Evolutivos e a Evolução Humana.

 

Eu cometi um terrível equívoco com relação ao conceito de evolução nesta e em outras partes de meus textos. No glossário do livro Vida – a Ciência da Biologia explica “Evolução” como “qualquer mudança gradual”, enquanto em um dicionário velho que tenho diz que “Evolução é a transformação das espécies”. O livro de biologia foi muito vago, pois o conceito pode se referir tanto a modificações estruturais como populacionais. Apenas a primeira pode ser considerada “transformação”, já que nas alterações populacionais não há mudança no material genético (transformação de espécies), e sim na freqüência de alguns genes. Isso será melhor explicado no decorrer deste tópico. De qualquer forma, em toda a minha explicação da derivação racial usei os conceitos de recombinação genética, seleção ambiental, prevalência e dominância de genes e interação gênica, entre outros, incluídos na Teoria da Evolução. Esses fatores formam realmente a base experimental da evolução e já foram bem observados e compreendidos pela ciência, sendo pertinentes às alterações populacionais. Minha intenção foi relacionada às modificações criadas pela Teoria da Evolução para explicar a origem de material genético novo, diferente e funcional, processo indispensável para o surgimento de espécies substancialmente diferentes (também chamado de macro-evolução). Muitas vezes quando cito a Evolução é a essa face que estou me referindo, que seria o “próximo passo” dos processos conhecidos. Esse processo sim não foi necessário para explicar a diversificação. Uma infelicidade da minha parte, me perdoe.  Contudo, em nada altera o significado dos textos.

 

Entenda que os fatores que citei FAZEM PARTE da Teoria da Evolução, mas não são os únicos utilizados para explicar a variação existente.  As mutações são de suma importância no processo evolutivo, formam o cerne da Teoria da Evolução. Sem elas seríamos procariotos de origem enigmática até os dias de hoje. O surgimento das etnias humanas pregado pela Evolução depende totalmente das mutações, ou não teríamos evoluído dos hominídeos pouco variados que existiam há 300 mil anos atrás.  A não ser que se considere uma única e milagrosa mutação que gerou todo o potencial genético humano ao mesmo tempo.  Então poderíamos dizer que a recombinação genética e a seleção natural foram os únicos a agir a partir de então. As mutações têm o papel de aumentar a diversidade, para permitir a atuação da Seleção, como está em todos os livros de biologia que li (ver referências no final da Terceira Parte, e mais esclarecimentos no tópico II). Esse papel até é considerado pelo criacionismo, mas com efeitos bem mais modestos, restritos às estruturas já existentes (ver Evolução – Um Livro Texto Crítico).

 

Antes de prosseguir, é necessário compreender os conceitos básicos de fenômenos “observados, provados” e de fenômenos “extrapolados”.  Aquilo que podemos ver, testar e confirmar pode ser considerado observado e provado, como por exemplo são a recombinação genética, seleção natural e interação entre genes, gerando as variações observadas na natureza, tanto para a evolução como para o criacionismo.  O “acúmulo” de variações até a formação de espécies diferentes é uma extrapolação do evolucionismo, enquanto a criação de todas as espécies (ao menos geneticamente) em um dado momento é uma extrapolação do criacionismo.  São fenômenos não observados e não testáveis, pois lidam com fatos do passado que dependem de tempo absurdo para ocorrer ou que nunca mais ocorrerão.  A extrapolação é muito importante na ciência, contudo é passível de falha e deve sempre ser considerada com cautela, dependendo de dados indiretos para sua formação.  Assim, sabendo que o conhecimento do passado depende da inferência com base na observação atual, podemos seguir em frente.

 

O modo como eu expliquei a dispersão entre brancos e negros não é a mesma da Teoria da Evolução, como você disse.  Nela, as características foram adquiridas aos poucos por cada grupo étnico já em seu ambiente próprio, ou seja, os primeiros seres humanos não possuíam a bagagem genética para todas as variações.  Por isso é necessário tanto tempo, afinal, crer que todas as características apareceram ao mesmo tempo no material genético de hominídeos ancestrais é muito complicado de entender.

Uma ótima leitura para saber como a Evolução explica a variação étnica e a dispersão dos seres humanos é a Scientific American Edição Especial nº 2, “Novo Olhar sobre a Evolução Humana”, de Novembro de 2003.  Os artigos são atuais e escritos pelos próprios pesquisadores, mostrando algumas hipóteses sobre os Neandertais, os primeiros hominídeos, origem das populações humanas, entre outras. Vale a pena perceber a discordância sobre certos assuntos, como a espécie dos Neandertais e o surgimento dos seres humanos.

De forma geral, os humanos atuais vieram de humanos primitivos que surgiram na África entre 150.000 e 100.000 anos atrás (um dos artigos cita a possibilidade de esse grupo ter surgido na Europa Oriental), espalhando-se então pelo mundo aos poucos, chegando na Europa há 40.000 anos. O surgimento das diversas etnias ocorreu em locais aproximados onde hoje elas existem, e o Homo sapiens foi gradualmente substituindo as outras espécies de hominídeos que já existiam, eliminando a todos, sem sobrar descendentes.  Como os ancestrais do homem provavelmente eram “morenos” sem variação, como vemos nas representações, os negros e brancos devem ter surgido após mutações ocasionais que geraram negros em quase toda a África e brancos mais ao norte, ou surgiram ambos e então atuou a seleção natural, como já expliquei.  Sob esse aspecto, o desenvolvimento das diversas etnias humanas não poderia ocorrer rapidamente de forma alguma, pois depende de mutações ocasionais capazes de originar as diversas características em ambientes próprios.  A não ser que se considere apenas uma única e milagrosa mutação no grupo original capaz de proporcionar o potencial para todas as variações humanas existentes. Ou seja, o modelo evolutivo não propõe a existência de todo o potencial genético humano em alguns grupos há 100 mil anos, mas sim o surgimento da diversidade após a dispersão humana, justificando o lento desenvolvimento das etnias segundo esse modelo.

Uma outra hipótese insinua a evolução de Homo erectus para Homo sapiens em vários locais ao mesmo tempo, algo estranho pois dependeria da formação de material genético igual em locais diferentes, ou seja, uma evolução convergente milagrosa.

Apesar desse resumo, gostaria que todos os interessados lessem a revista, é mesmo muito interessante.

Também volto a citar o livro Evolução – Um Livro Texto Crítico, que contém nos primeiros capítulos algumas explicações sobre como funciona a ciência.  É difícil encontrar livros atuais com essas explicações, nem mesmo o “VIDA” parece contê-las dessa maneira.

            A Evolução Humana parece fácil e simples nos livros texto de biologia, mas na verdade é muito confusa, existem poucos fósseis (e não são tão organizados como nos fazem parecer), não há consenso sobre vários assuntos e nem uma explicação satisfatória. Basta ler a SA Brasil Especial citada e a Scientific American Brasil nº 11, de 2003, pg 35, sobre a discussão se os Neandertais foram ou não humanos. O modelo da Evolução Humana desconsidera o tamanho do mundo, propondo a extinção de seres humanóides quase tão inteligentes quanto os humanos. Parece que eles imaginam uma maquete e não um planeta gigantesco, com possibilidade de sobra para outros humanóides sobreviverem.

            Os evolucionistas agridem-se entre si chamando uns aos outros de incompetentes, desinformados, falsos, etc (ver a SA Brasil nº11, pg 35, sobre a controvérsia da união de Neandertais com Humanos), então porque deveríamos considerar sérios seus ataques contra os criacionistas? Se eles mesmos se acusam de incompetência, não há razão para acreditar que suas interpretações sejam incontestáveis ou mesmo melhores.  Como confiar em seus métodos sem análise crítica? Queria ter tempo para ler mais artigos desse tipo, pois para mim a Teoria da Evolução parece cada vez mais afundada em si mesma tomando esses exemplos.

 

             Encontrei ilustrações interessantes sobre o assunto em livros da biblioteca da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP, onde estudo:

            “Como diz Dobzhansky (1977), ‘seguramente não foi uma mutação sem precedentes e maravilhosa num simples gen que transformou um macaco em homem. Essa transformação efetuou-se por meio de uma gradual reconstrução do sistema genético, que consumiu tempo. Não sabemos quantas mudanças genéticas estiveram envolvidas, foram certamente numerosas, da ordem de, pelo menos, milhares, possivelmente até mesmo milhões’”.

            - Carvalho, Humberto C. Fundamentos de Genética e Evolução, 1987, 3ª ed, Ed. Atheneu. Cap. 29: Origem e Evolução do Homem, pg 523.  Esse capítulo tem explicações interessantes (algumas do mesmo nível da citação acima).

 

            Um livreto comparando macacos atuais com nossos ancestrais baseado na face, chamado “Our Face From Fish to Man”, de William K. Gregory (1965), em que a ilustração da 1ª página mostra a seqüência de um peixe até um atleta romano, passando por um macaco e um negro.

 

            Em outro livro: “Tais caracteres, muito marcantes, são suficientes para a distinção entre os mais elevados símios e os menos elevados indivíduos da espécie humana atual”. (Sobre as diferenças entre humanos e símios).

            - Pierantoni, Umberto. Compêndio de Biologia, 4ªed., Ed. Científica – Rio, pg 623, 1960.

 

            Nem cabe comentários, cada um tire suas conclusões. Felizmente não é essa a visão do criacionismo, muito mais sensato e não contraditório, como veremos mais adiante.

 

B)   Genética de Populações.

 

Parece que na diversificação humana alguns conceitos ficaram mal entendidos.  O potencial genético presente em um povo é muito variável, podendo ser próximo do nada.  Esse potencial diminui na medida em que a etnia fica mais especializada, não importando o tempo que leva a isso.  Uma vez que alguns alelos de genes são eliminados da população, é impossível que eles ressurjam, garantindo a homogeneidade da população. Vou tentar elucidar melhor o significado disso.

 

Cada indivíduo tem um conjunto de genes que define a base de sua constituição física, e esse genótipo é passado em parte para seus descendentes.  Quando um indivíduo tem um genótipo capaz de gerar uma gama diversa de descendentes diz-se que seu potencial genético é elevado, ou seja, ele possui um grande “pool” gênico. Isso é observado quando um casal de brancos com olhos e cabelos castanhos tem um filho loiro de olho azul, ou um casal de morenos escuros tem um filho claro.  Quando os descendentes não possuem variação, o “pool” gênico é pequeno, e o indivíduo pode ser considerado especializado.  Esse é o caso de negros que têm apenas filhos negros, ou casais arianos que terão apenas filhos arianos.

Em termos genéticos, vamos exemplificar com a cor da pele e com a cor dos olhos, já citados em textos anteriores.  No caso dos olhos, indivíduos com alelos aa (olhos azuis) são especializados, passando para seus descendentes apenas um tipo de gene, o “a”.  Indivíduos AA igualmente.  Aqueles com genótipo Aa podem passar para seus descendentes tanto o alelo “A” como o “a”, e por isso possuem maior potencial genético.

No caso da cor da pele, para os exemplos já utilizados, os genótipos MMNNOO e mmnnoo (negros e brancos) são especializados ao máximo, pois só podem passar para seus descendentes os conjuntos de genes MNO e mno, respectivamente.  Outros genótipos como MMNNoo, MMnnOO, MMnnoo, mmNNOO, mmNNoo e mmnnOO são igualmente especializados, mas para fenótipos intermediários, passando os conjuntos MNo, MnO e assim por diante, sem variação.  Por outro lado, um indivíduo MmNnOo (moreno) tem grande “pool” gênico, podendo passar os 8 conjuntos MNO, MNo, MnO, Mno, mNO, mNo, mnO e mno para seus descendentes.  Sabendo ainda que não há dominância nesse tipo de interação entre genes, todos os alelos tendo igual “valor”, podemos deduzir que um indivíduo MMNnoo também é moreno semelhante ao MmNnOo, contudo seu potencial genético é bem menor, com gametas MNo e Mno apenas.  Esses exemplos podem ser mais bem fixados olhando as tabelas que virão em seguida, e aplicam-se da mesma forma aos animais em variadas características.  Esse é um caso de Herança Poligênica.

Quanto a algumas de suas dúvidas, Marcus, no caso de um pai negro e de uma mãe branca não é esperado um filho negro ou branco, pois os genótipos seriam MMNNOO e mmnnoo, gerando apenas filhos MmNnOo, ou seja, morenos.  No caso de genótipos MMNnOO e Mmnnoo (negro e branco mais intermediários, maior “pool” gênico), por exemplo, teríamos filhos até MMNnOo (moreno escuro) e MmnnOo (moreno claro), mas não brancos e negros.  O fato de não nascerem brancos ou negros de um casal de morenos também pode ser explicado, como veremos nos exemplos genéticos seguintes, se considerarmos morenos com menor “pool” gênico que o máximo.  Além disso, volto a dizer que as interações entre os genes são mais complexas que essa simplificação.

 

Agora, uma idéia fundamental de se compreender é a aplicação dessas mesmas regras para as populações.  Se os indivíduos de uma população são todos semelhantes entre si, considera-se que ela possui um pequeno potencial genético, como é o caso de etnias mais isoladas de negros africanos, aborígines australianos, índios brasileiros, japoneses, irlandeses, entre outras.  Por outro lado, se considerarmos o Brasil como um todo, o potencial genético da população é assombroso.  Se o potencial genético é pequeno, quer dizer que não há genes para outras características que não aquelas já bem expressadas na população.  Se não há genes, características não presentes não poderão surgir.

Seguindo seu exemplo na tréplica, os japoneses do século V a.C. com certeza já estavam diferenciados o bastante para que não ocorresse diversificação significativa a partir de então, ou seja, os genes para características substancialmente diferentes já não existiam mais. Contudo, um casal de morenos pode, ainda hoje, gerar descendentes significativamente diferentes, como já sabemos.

Você disse sobre os japoneses: “Em termos históricos perfeitamente confiáveis, podemos dizer que são ao menos 2.500 anos de estabilidade étnica. Não existe nenhum caso de nascimento de um exemplar com fenótipo significativamente diferente. Isso é uma evidência clara de que a humanidade não tem tal potencial super acelerado de diversificação étnica”.  Essa conclusão é absurda.  A única evidência é a de que os japoneses não têm grande potencial genético, como pode ser perfeitamente entendido através da Genética de Populações.

Outra dúvida sua foi quanto aos brancos na África e negros na América do Norte, que depois de 300 anos não sofreram alterações na cor de sua pele nas descendências puras.  Já sabemos que não existe escurecimento pelo sol ou clareamento pela falta dele (o Michael Jackson não ficou branco pela falta de sol...), e que pessoas brancas ou negras, com baixo “pool” gênico, sempre terão descendentes com cor de pele semelhante.  Assim, uma vez que os genes não surgem do nada, é impossível brancos sem miscigenação gerarem filhos escuros.  O “escurecimento” que pode ocorrer é populacional, ou seja, os brancos terem menos filhos, da maneira que já expliquei.  Assim, os brancos não vão escurecer e nem os negros clarear em 1000 anos e nem em 1 bilhão de anos é esperado isso, se não houver miscigenação.

 

            Continuando, se o potencial está presente, a seleção pode ocorrer em poucas gerações.  Por exemplo, se um casal de morenos vai para local com muito sol, vai nascer filhos tanto claros como escuros em igual proporção.  A partir de então, os filhos e filhas claros terão dificuldade para ter filhos, enquanto os filhos e filhas escuros não terão problemas.  Após 5 gerações já podemos esperar ao menos uma orientação para pele escura nesse grupo.  Mas isso será abordado no tema seguinte.

 

            Por fim, gostaria de apresentar uma exemplificação mais detalhada dos genótipos para a cor da pele, que poderá ser de grande auxílio na compreensão.

 

            Vamos começar com um casal (P de progenitores) com o “pool” gênico máximo permitido pelo exemplo, com a 1ª geração de descendentes (G1).

 

P            MmNnOo x MmNnOo

G1     1 (MMNNOO), 6 (5E,1c), 15 (4E,2c), 20 (3E,3c), 15 (2E,4c), 6 (1E,5c), 1 (mmnnoo)

         Negro, “negro claro”, moreno escuro, moreno, moreno claro, “branco escuro”, branco

 

            Em que “E” são os genes para cor escura, ou seja, os maiúsculos, e “c” são aqueles para cor clara, ou seja, os representados por letras minúsculas.  Abaixo dos genótipos estão os prováveis fenótipos.  Para se chegar a esse resultado foi necessário cruzar todas as possibilidades de gametas existentes, montando-se a tabela:

 

Tab 1

MNO

MNo

MnO

Mno

mNO

mNo

mnO

mno

MNO

MMNNOO

MMNNOo

MMNnOO

MMNnOo

MmNNOO

MmNNOo

MmNnOO

MmNnOo

MNo

MMNNOo

MMNNoo

MMNnOo

MMNnoo

MmNNOo

MmNNoo

MmNnOo

MmNnoo

MnO

MMNnOO

MMNnOo

MMnnOO

MMnnOo

MmNnOO

MmNnOo

MmnnOO

MmnnOo

Mno

MMNnOo

MMNnoo

MMnnOo

MMnnoo

MmNnOo

MmNnoo

MmnnOo

Mmnnoo

mNO

MmNNOO

MmNNOo

MmNnOO

MmNnOo

mmNNOO

mmNNOo

mmNnOO

mmNnOo

mNo

MmNNOo

MmNNoo

MmNnOo

MmNnoo

mmNNOo

mmNNoo

mmNnOo

mmNnoo

mnO

MmNnOO

MmNnOo

MmnnOO

MmnnOo

mmNnOO

mmNnOo

mmnnOO

mmnnOo

mno

MmNnOo

MmNnoo

MmnnOo

Mmnnoo

mmNnOo

mmNnoo

mmnnOo

mmnnoo

 

            São possíveis 64 combinações, com 8 genótipos idênticos ao dos pais (em azul) e 20 fenótipos semelhantes ao dos pais (em azul mais em cinza).

 

            Esse tipo de interação foi observado por Davenport em estudos da herança da cor da pele em humanos na Jamaica.  Contudo, segundo o livro Biologia, de Claude A. Villee, de 1979, pg 596, foi constatado o envolvimento de dois pares principais de genes, A-a e B-b, que poderia ser M-m e N-n, no caso que estou exemplificando, com resultados semelhantes, ou seja, o cruzamento de pessoas mulatas produziu descendência com variação do marrom-escuro até o branco (caucasiano).  Como eu já havia feito todo o raciocínio com 3 pares de genes e não houve diferença, vou deixar assim mesmo.

            Os resultados seguem o Princípio de Hardy-Weinberg, em que as freqüências de membros de um par de genes alelos em uma população são descritas pela expansão de uma equação binomial, em que a freqüência do genótipo AA, num exemplo de 1 par de genes, é igual a ¼, a freqüência de Aa é de ½ e a freqüência de aa é de ¼.  Para herança poligênica, o desmembramento da fórmula fica mais complicado, e chegamos aos resultados da Tabela 1. (Para mais detalhes consultar Biologia, de Claude A. Villee, 1979, pg 642, ou outro livro de genética de populações qualquer. No livro “VIDA” está na pág. 400).  Segundo esse princípio, para uma população estável, a quantidade de alelos permanece constante, não importando quais alelos estejam em maior quantidade.

 

            A partir dessas considerações, vamos agora trabalhar com populações fixas e migratórias, tanto de morenos como de negros ou brancos, com o objetivo de exemplificar o que já foi descrito no texto.

 

            Para uma população fixa de morenos, tomemos dois casais com genótipos aleatórios MMNnOo x mmNNoo e MMnnOO x mmNnOO.  Eles têm potencial individual reduzido, e os cruzamentos gerarão filhos MmNNOo, MmNNoo, MmNnOo e MmNnoo para o primeiro casal e MmNnOO e MmnnOO para o segundo.  Os cruzamentos da segunda geração podem ser representados por MmNNoo x MmnnOO e MmNNOo x MmNnOO, por exemplo. Esses cruzamentos têm possibilidade de variação muito grande, inclusive gerando genótipos MmNnOo em ambos, e nos colocando na situação original.  Assim, apesar do baixo “pool” gênico individual inicial, a população na verdade possui grande potencial genético.

 

            Contudo, na realidade muitas populações morenas apresentam certa estabilidade, com descendentes não muito diferentes dependendo da população em questão, como os árabes por exemplo.  Para isso, precisamos diminuir o potencial genético da população, e não apenas o individual, como se segue com os 2 casais e a 1ª geração (G1a e G1b):

 

Pa

MmNNOo x mmNNOO

Pb    mmNNoo x MMNNoo

G1a

mNO

G1b

MNo

MNO

MmNNOO

mNo

MmNNoo

MNo

MmNNOo

 

 

mNO

mmNNOO

 

 

mNo

mmNNOo

 

 

 

 

 

 

 

 

           

Na 2ª geração, cruzando os genótipos da geração 1 teremos os extremos MMNNOO (negro) e mmNNoo (moreno claro), então essa população tem menor “pool” gênico.

            Restringindo ainda mais podemos ter:

                                                           

Pa

MMNNoo x mmNNoo

Pb              MmNNoo x MmNNoo

G1a

mNo

G1b

MNo

mNo

MNo

MmNNoo

MNo

MMNNoo

MmNNoo

 

 

mNo

MmNNoo

mmNNoo

 

            Mesmo após muitas gerações, não surgirão os alelos “n” ou “O” para aumentar o potencial genético dessa população, e a variação ficará apenas entre MMNNoo e mmNNoo, ou seja, morenos escuros e claros.  Assim, essa população está bem especializada, e é dessa forma que populações de pessoas morenas podem não variar muito.  Por outro lado, os morenos do Brasil têm grande “pool” gênico, pois são normalmente resultado do cruzamento de brancos e negros, ou seja, genótipos como MMNnOO x mmnnOO, MMNNOO x mmnnoo, entre outros, gerando os genótipos com maior potencial como MmNnOO e MMNnOo por exemplo.  Por outro lado, populações de negros e brancos dificilmente têm grande potencial genético, como veremos mais adiante.

            Também é possível restringir ao máximo o potencial genético das populações morenas, com genótipo único MMNNoo ou mmNNoo, por exemplo.  Assim indivíduos MMNNoo só cruzariam com MMNNoo garantindo a pouquíssima variação em um grupo.  Ainda mais, aqueles com genótipo MMNNoo e mmNNOO, apesar de geneticamente possuírem a mesma cor de pele, podem apresentar algumas variações na coloração por apresentação diferente dos genes representados pelas diferentes letras. Também é necessário compreender que a aparência depende de muitos outros genes e não apenas dessa exemplificação apresentada.

 

            Voltando ao Princípio de Hardy-Weinberg, quando ocorre alteração do “pool” gênico por migração (para ambientes desfavoráveis para certos alelos, por exemplo) ou mutação, a população passa a apresentar nova estabilidade com diferentes freqüências de alelos. Assim, poderíamos ter para dois genes freqüências de genótipos na relação 0,49AA:0,42Aa:0,09aa quando os alelos estiverem na relação 0,7A:0,3a.  Os exemplos sempre seguem esse princípio.

 

            Para uma população fixa de brancos, vamos considerar os 2 casais:

                                                                       

Pa

mmnnOo x mmnnoo

Pb   mmnnOO x mmnnoo

G1a

mno

G1b

mno

mnO

mmnnOo

mnO

mmnnOo

mno

mmnnoo

 

 

 

            Repare que o genótipo mmnnOo é menos especializado (tem maior potencial genético) que o mmnnoo.  Na segunda geração teremos os extremos mmnnOO e mmnnoo, e nem em várias gerações é esperado o aparecimento dos alelos M e N nessa população, a não ser no caso de imigração ou mutação.  O mesmo ocorreria em uma população fixa de negros, com variação apenas nos genes O e o. Teríamos os extremos MMNNOO e MMNNoo (negro e moreno escuro, respectivamente), sem possibilidade de variação maior.

            No caso de uma população muito especializada, como provavelmente são os irlandeses, teremos apenas o genótipo mmnnoo, e seu cruzamento gerará apenas descendentes com o mesmo genótipo. Se essa população for colocada isolada no centro da África, sua pele nunca escurecerá geneticamente além das variações mínimas que já existem na população, porém gerar descendentes ficará muitíssimo difícil pela falta de ácido fólico e conseqüente diminuição da fertilidade, da maneira já explicada nos textos anteriores. Algo semelhante ocorreria com os negros (MMNNOO) na Finlândia, que se isolados nem em milhões de anos é esperado qualquer clareamento. (Nesses casos, excetuam-se defeitos genéticos benéficos na situação. Por exemplo, se nessa população de negros nascesse 1 albino a cada 10.000 nascimentos, na África esse iria provavelmente morrer cedo e dificilmente geraria descendentes. Na Finlândia ele poderia ter uma “chance” a mais, mas então teríamos maior proporção de albinos nessa população de negros, e não um clareamento daqueles com genótipo normal.).

           

            Por fim, apenas para constar, aqui estão alguns exemplos de cruzamentos entre brancos e negros, com a impossibilidade de se conseguir descendentes diretos brancos e negros:

Pa

MMNNOO x mmnnoo

Pb           MMNnOO x Mmnnoo

G1a

mno

G1b

Mno

mno

MNO

MmNnOo

MNO

MMNnOo

MmNnOo

 

 

MnO

MMnnOo

MmnnOo

 

                                                           

 

 

 

            Contudo, nas próximas gerações já é possível haver maior variação, como de fato é observado nas miscigenações em geral, e como foi observado por Davenport na Jamaica.

 

            Os conceitos de potencial genético, “pool” gênico, genética de populações, hereditariedade e herança poligênica podem ser encontrados em qualquer bom livro de biologia ou genética.  O livro “Evolução – Um Livro Texto Crítico” também contém algumas explicações a esse respeito, de forma didática e crítica.

            Apesar de utilizar leis conhecidas, todo o exemplo da cor da pele foi desenvolvido por mim, baseado no conhecimento de que ao menos 3 pares de genes devem comandar a coloração básica (aqui os genes M, N e O e seus alelos m, n e o).  Gostaria de ser corrigido se em alguma parte apresentei de forma errada os conceitos ou desenvolvi inadequadamente o raciocínio.

 

            Utilizei o livro Biologia de Claude A. Ville porque é um dos poucos aos quais tive acesso enquanto preparava esse texto, é bem escrito e explica os conceitos principais, além de conter também uma boa parte sobre Evolução.  Seu único problema é a idade, pois é de 1979. O livro Vida, a Ciência da Biologia (2002) também tem a base dessa argumentação.

 

C)   O Tempo.

 

Enfim, o principal propósito de toda essa discussão.  Com os conceitos evolutivos expostos e a genética de populações explicada fica bem mais fácil compreender a não necessidade de um tempo absurdo para a diversificação humana.  Antes de iniciar uma explicação mais detalhada, vou analisar alguns assuntos.

 

Com relação aos nordestinos, como discutíamos, eles não formam uma etnia na nossa classificação, mas não conheço nenhum povo com características parecidas, assim como também não conheço povo semelhante aos mulatos.  Esse exemplo foi para citar a grande capacidade de variação que ainda existe, mesmo no caso de miscigenação.

 

Voltando ao exemplo dos japoneses, há pelo menos 1500 anos eles não sofrem alterações significativas em sua aparência, algo esperado se o seu potencial genético for reduzido, ou seja, eles não possuírem genes para outras características que não as que possuem.  Não importa a quanto tempo ou como chegaram à ilha, basta seus ancestrais terem sido pessoas com baixo “pool” gênico.  Sem renovação gênica, possível de ocorrer apenas com miscigenação ou mutações, a população inteira não irá variar, não importa o tempo, tanto para evolucionismo como para criacionismo, já que lidamos com leis genéticas conhecidas e não suposições.  Assim, a única diferença seria a quanto tempo esses ancestrais chegaram na ilha.  Para a diferenciação o tempo é inútil se não houver potencial genético.

Um outro exemplo possível de se usar é com relação à criação de animais, em que o cruzamento forçado entre animais com características semelhantes produz uma população com características específicas. Isso é isolamento, que poderia ocorrer nos seres humanos no caso da migração de famílias para alguns locais e, por não haver contato com as outras populações, estas desenvolveriam características peculiares.  Tudo o que ocorre é a freqüência aumentada de certos genes em uma população, situação que não precisa mais do que algumas gerações para ocorrer.  Podemos citar o exemplo dos salmões no tópico II de meu outro texto.  Há 60 anos eles formavam uma população indiferenciada, e ao serem divididos em água doce e água salgada começaram a se especializar, provavelmente por favorecimento ambiental para algumas variações sobre as outras.  O genótipo individual não precisa de nenhuma modificação, apenas o “pool” gênico se altera.

 

A derivação étnica ocorreu a partir daquelas populações com capacidade de se diferenciar, e não de qualquer uma, pois como já vimos as populações especializadas não têm capacidade de se diferenciar muito, enquanto aquelas indiferenciadas (como deveriam ser nossos primeiros ancestrais) têm grande capacidade de diversificação, como já foi observado no tema B.

 

            Precisamos agora compreender a problemática do “pouco tempo” considerado pelo criacionismo para as migrações e surgimento das etnias, e vou utilizar de seu raciocínio, Marcus.  Para a Teoria da Evolução, o mundo tem 4,5 bilhões de anos e a vida 3,5 bilhões de anos, enquanto o ser humano surgiu há 200.000 anos.  Para uma idéia melhor, o mundo tem 4.500.000.000 de anos e a vida 3.500.000.000 de anos. Para o criacionismo (de terra jovem) nada existe há mais de 10.000 anos.  Ainda considerando o Dilúvio e o tempo em que as etnias já estão bem definidas (cerca de 3000 anos), temos “apenas” cerca de 3000 anos para o surgimento das principais etnias humanas. Assim, em 2000 anos após o Dilúvio já teríamos alguma diversidade humana. O evolucionismo teria 200.000 anos para um mesmo efeito, primeiro porque tem tempo de sobra na Teoria da Evolução para usar e segundo por que para ela foram necessárias mutações capazes de originar as diferentes etnias, processo demorado (na verdade nunca observado, no sentido de originar novas variações por meio de novo material genético. Poderia ocorrer, talvez, alguma variação extra por mutações em genes já existentes, mas essa não deve ser significante), para posterior ação da seleção natural. Assim, no caso do criacionismo deveríamos observar alterações nas etnias em 200 anos, 1 centésimo do tempo que ele tem, enquanto no evolucionismo 200 anos é apenas 1 milésimo do tempo que esse tem à disposição e portanto não é esperado observar as mudanças.

            Há muitos problemas nessa argumentação. Primeiro o evolucionismo e o criacionismo têm explicações diferentes para o surgimento das etnias, dificultando uma comparação fidedigna.  Depois, 2000 anos é pouco se considerado em 1 bilhão de anos, e bastante para 10.000 anos, mas para nós não existe esse conceito relativo, pois 2000 anos é muitíssimo tempo já que vivemos no máximo 120 anos.  A nossa noção do tempo é que está prejudicada, pois além de jovens, somos forçados a crer que o mundo tem mais de 1 bilhão de anos, fazendo qualquer quantidade de tempo imaginável parecer pouca.  Em terceiro, mesmo que ocorressem alterações leves em uma etnia em 200 anos nenhum de nós iria observar esse fato, e esse também é um período longo, no mínimo o dobro do que um ser humano pode viver.  Basta fazer o exercício que propus no outro texto: imagine como era o lugar em que você vive 200 anos atrás, ou mesmo 100 anos.  Quem vivia no local, o que existia, como as pessoas viviam.  E no restante do mundo, como as coisas estavam?  Quais foram seus ancestrais mais próximos, como bisavôs, tataravôs, ou mesmo como era a infância de nossos avós?  Estudando história iremos perceber como 200 anos é muito tempo sim.  Que dirá 2000 anos.

            Os europeus cruzaram as Américas em menos de 200 anos, exterminando milhares de índios e destruindo o império Inca. Nós já nascemos na época do “imperialismo” americano e podemos ter a impressão de que eles sempre foram a maior nação do mundo, mas os EUA possuem esse status há menos de 100 anos.  Não existia computador, televisão, geladeira, nem o telefone como conhecemos 50 anos atrás.  Muitas outras citações poderiam ser feitas.  Dessa forma, uma Terra de 10.000 anos não deixa de ser antiga.

             O ser humano possui a mesma capacidade intelectual desde ao menos 50.000 anos, segundo a Teoria da Evolução.  Contudo, não existe relato de nenhuma civilização antes de cerca de 3.000 a.C. segundo a História, ou seja, pesquisa com datação muito precisa que considera a memória escrita de cada povo.  Alguns objetos são datados de épocas anteriores, mas não há nada “histórico”, nem escrito nem na memória dos povos.  Se havia capacidade e pessoas, por que existe um limite tão “próximo” para o surgimento das civilizações?  O Homem ganhou toda a inteligência atual em poucos milhares de anos?  Ou não havia condições adequadas naquela época, em nenhuma parte do mundo, para o desenvolvimento de um sistema escrito?  Por que as primeiras civilizações surgiram nas proximidades do Oriente Médio, se 4000 anos atrás já havia seres humanos espalhados por todo o mundo, segundo o evolucionismo?  São dúvidas possíveis de se responder com essa teoria, mas convenhamos que condiz muito mais com o criacionismo, em que a dispersão ocorreu a partir do Oriente Médio para o mundo em alguns milhares de anos.  A capacidade humana sempre existiu, bastando as pessoas chegarem em um local e após algumas a várias centenas de anos iniciarem a construção de um sistema político.

 

            Agora vamos partir para uma abordagem mais direta da derivação étnica em um período de menos de 2000 anos.  As informações anteriores nesse tema e nos temas A e B são fundamentais para a compreensão.

 

A distância não chega a ser problema.  Os espanhóis cruzaram no mínimo 2000km até os Andes, atravessando a Floresta Amazônica, centenas de rios e montanhas imensas em menos de 200 anos.  Mesmo se considerarmos uma migração com velocidade irrisória de 20km por ano partindo do Monte Ararat, em 300 anos chegaríamos ao local onde hoje está Lisboa, em 500 anos estaríamos no Japão, 700 anos até o sul da Austrália e da África, e em 1000 anos chegaríamos à Cordilheira dos Andes, passando pelo Estreito de Bering.

A população seria o suficiente para permitir tais migrações.  Considerando cerca de 4 filhos por mulher, partindo de 3 mulheres, teremos 12 filhos e uma população de 20 pessoas em 30 anos.  Após mais 30 anos, se mantivermos uma média de apenas 4 filhos teremos cerca de  40 pessoas.  Depois de 30 anos serão cerca de 80 pessoas, no mínimo.  Assim, pode-se dizer que se espera uma população de 100 pessoas cerca de 100 anos após o Dilúvio, chutando muito baixo.  Considerando uma pequena taxa de crescimento de apenas 1% ao ano, teremos no ano 1000 após o Dilúvio uma população de mais de 1 milhão de habitantes, capaz de se dividir em populações migrantes com facilidade. Com espaço de sobra, a tendência da população é crescer exponencialmente (ver gráficos de crescimento populacional e explicação em “Vida”, pgs 600 e 963).

 

Sabendo da rapidez com que o ser humano pode se multiplicar e se espalhar, podemos criar exemplos para migrações em ambientes desfavoráveis para certas características.  Já podemos desconfiar que não é necessário mais que algumas gerações para um grupo adquirir aspecto próprio dependendo da seleção ambiental.  A modificação é populacional, não individual.  Os não aptos morrem ou não geram descendentes, enquanto os aptos sobrevivem, sem necessidade de mutações ou grande período de tempo, já que os problemas surgem logo que a população ficou exposta às condições selecionadoras, como por exemplo a luminosidade no caso de brancos e negros, segundo explicações anteriores.

 

Vamos considerar um grupo de 10 pessoas em idade fértil, 5 mulheres e 5 homens, um homem e uma mulher com uma das 5 tonalidades: branco, moreno claro, moreno, moreno escuro e negro.  Colocados na África, sob um sol escaldante, apenas a mulher negra não teria dificuldade para gerar descendentes.  Considerando que todas iriam gerar 4 filhos, podemos ter que a branca não geraria nenhum, a moreno clara 1, a morena 2, a moreno escura 3 e a negra 4.  O total da população seria de 2 brancos (homem e mulher originais), 3 morenos claros, 4 morenos, 5 morenos escuros e 6 negros.  Para a gestação, não importa quem é o pai, então ainda poderemos ter o nascimento de crianças brancas se o pai branco tiver filhos com a mãe moreno clara ou mesmo a morena, e teríamos no máximo 2 filhos brancos (caso o branco tivesse filhos com a morena escura, esses já não seriam brancos).  Continuando esse raciocínio não é difícil imaginar que em algumas gerações já não haveria mais brancos e a proporção de morenos e morenos claros seria pequena, enquanto morenos escuros e negros estariam em clara maioria.  É possível, contudo, que mesmo morenas não consigam ter filhos nessas condições, enquanto as morenas escuras teriam um prejuízo maior, como metade dos filhos das negras, por exemplo.  Assim o escurecimento da população, ou sua especialização (restrição do “pool” gênico), seria mais acentuado.  Isso quer dizer que os alelos “maiúsculos” (M, N e O) estarão em maior quantidade que os “minúsculos” (m, n e o), havendo maior distribuição daqueles alelos na população e escurecimento progressivo, até chegar a um novo equilíbrio.

 

Vamos considerar, agora, um grupo de 2000 pessoas com grande “pool” gênico e 0,5% de arianos (10), algo como um grupo misto de brasileiros atuais.  Essa quantidade de arianos na população não deve se alterar muito se não houver miscigenação, migração ou mutações (que alterem características já existentes ou ao menos possíveis, como é o caso do albinismo), segundo o Princípio de Hardy-Weinberg.  Por um motivo qualquer, como preferência pessoal, falta de terras, espírito de aventura, expulsão, etc, um grupo de 5 arianos, ou mesmo um casal apenas, migram para longe, além de algumas montanhas.  Lá, conseguem sobreviver e se reproduzir, mesmo com alguma dificuldade.  Teremos, em menos de 50 anos, um grupo especializado por isolamento, e se continuarem sem miscigenação teremos uma nova população homogênea em menos de 500 anos.

Essa é uma alternativa a mais, além da migração para o norte, em que as pessoas de pele mais clara têm menos dificuldade para terem filhos.  Creio que outras alternativas além também podem ser encontradas.

 

            Na verdade, apenas o conhecimento do tema B (coisas de ensino médio, no geral) é mais que o suficiente para compreender que a diversificação humana não é problema para o criacionismo. Qualquer bom conhecedor das leis populacionais teórica ou empiricamente pode perceber isso logo.

 

Conclusões para o Tópico I.

 

Com base em todas essas orientações, vamos responder algumas perguntas que apareceram no decorrer de seu texto, Marcus.

 

Primeiro, “Se foi possível uma diferenciação étnica tão grande num período de tempo tão curto, porque não notamos variações menores em períodos proporcionalmente menores?”.

            O que é um tempo “tão curto”? O que é uma diferenciação “tão grande”?  De quanto são esses períodos menores, 300 anos? As variações menores são a diferença entre pais e filhos e em 300 anos nenhum de nós observaria nenhuma variação maior. Isso para populações homogêneas, porque nas miscigenadas e originalmente versáteis a diferenciação é óbvia em menos de 30 anos, ou uma geração.

 

            As perguntas “Se em 3 Mil anos tal variação drástica é possível, por que há arianos habitando a África do Sul há cerca de 300 anos e não há nenhum indício de escurecimento de pele em seus descendentes não mestiços? Por que há negros habitando a América do Norte há quase 300 anos e não há nenhum indício de clareamento de pele em seus descendentes não mestiços?” já foram devidamente respondidas no tema B (reler se houver dúvidas). As variações drásticas só ocorreriam nas populações pouco especializadas, e não nesses exemplos.

 

            Com relação a “Por que há japoneses habitando o Arquipélago Japonês há MUITO MAIS que 3 MIL ANOS, e jamais nasceu um Japonês Loiro, Negro ou Ruivo?”, a resposta pode ser obtida utilizando-se o conhecimento de potencial genético, como está em B.

 

            A dúvida na afirmação “Você colocou "Portanto, é possível que os genes para todas as características estivessem presentes há cerca de 6000 anos sem diferença aparente entre as pessoas." mas sendo assim porque essas mesmas características não estão presentes atualmente nas etnias específicas? Ou melhor, onde podemos encontrar uma etnia qualquer que apresente o mesmo potencial de variação?” é difícil de responder. Talvez a recombinação constante possa ter diminuído o potencial genético, como foi demonstrado em B. Na verdade, apenas poderíamos saber se uma população tem grande potencial genético ao fazer um rastreamento de DNA, que não sei se já foi feito ou como seria, ou pegar vários grupos e colocar em ambientes diversos sem possibilidade de se protegerem adequadamente das intempéries ambientais, esperando algumas gerações para ver o que acontece.  Mas fazer isso com humanos não parece muito ético.  O exemplo que temos de grande potencial genético é nos brasileiros muito miscigenados, onde um mesmo casal pode gerar filhos loiros de olhos azuis e pardos.

            Outro exemplo para essa pergunta é o que já foi citado da pesquisa na Jamaica, em que Davenport pesquisou os genes para cor da pele, conseguindo pessoas mulatas, brancas e negras. Já para as etnias específicas não é esperado grande potencial de variação.

 

            A pergunta “Como se desenvolveram as diversas etnias humanas em tão pouco tempo?” é muito vaga, mas vamos tentar.

            Em primeiro lugar, é necessário compreender o que se quer dizer com “se desenvolveram”.  Se essa ação for a de surgir novas etnias através de mutações, não há como explicar em pouco tempo, e talvez nem mesmo em muito, afinal isso nunca foi observado (exceto, como eu já disse, a possibilidade de pequenas variações em características já existentes no material genético). Caso o significado seja o de explicar como as etnias se formaram, podendo-se basear na pré-existência genética de todas as possibilidades, não haverá problemas, como já foi demonstrado no tema C (favor reler essa parte se houver dúvidas).

            Em segundo, precisamos deixar claro o conceito relativo de “tão pouco tempo”, já que para 1 bilhão de anos 10.000 é pouco, mas para a diversificação (e para nós) é mais que o suficiente.  Basta compreender que alguns genótipos não permitem a sobrevivência ou reprodução dos indivíduos em certos ambientes, selecionando dentre as características existentes aquelas que não prejudicam as funções vitais mínimas.  Esse processo pode não demorar mais que algumas gerações. Também precisamos considerar o cruzamento de pessoas dentro de uma mesma família após uma segregação, “fixando” as características em certa população, como foi explicado em C.

 

            Por fim, após uma longa e explicativa discussão, fica a critério de quem estiver acompanhando julgar se chegamos ou não a algumas respostas.  A releitura dos textos anteriores pode ser ainda mais útil agora.

II) Diferenciação dos Animais

 

            Para elucidar algumas dúvidas minhas, descobri por acaso (?) em uma livraria, no livro Paleontologia (o autor deve ser o brasileiro Carvalho, se bem me lembro), que os termos “micro-evolução” e “macro-evolução” foram criados por Goldschimidt, um evolucionista que não acreditava na mudança gradual dos seres vivos, e insinuava a existência de “macro-mutações” capazes de transformar os animais, por exemplo de répteis para aves de uma vez. Obviamente essas mutações não existem. Mas os termos continuaram sendo utilizados nos livros de Biologia, e o “VIDA” também faz essa distinção, portanto não é um argumento forçado dos criacionistas, como alguém poderia imaginar. É um postulado básico da Biologia evolucionista, para diferenciar o que se sabe do que se imagina.

            Agora vamos às suas colocações, e voltarei nesse assunto logo adiante.

 

Você citou a transformação de um gato em um leão como se eu tivesse mencionado essa possibilidade.  Em primeiro lugar, em nenhuma parte de qualquer de meus 2 textos fiz menções à diferenciação dos felinos, muito menos ao surgimento de grandes e pequenos felinos de mesmos ancestrais.  Em segundo, um gato nunca se tornaria um leão, nem no criacionismo nem no evolucionismo.  Essa idéia estupefatosa é típica da evolução, pois em milhões de anos tudo pode.  Na natureza as variações são limitadas de acordo com o potencial genético, como eu já disse (no tema B do tópico I dessa Terceira Parte).  Se considerarmos que gatos e leões tiveram uma origem comum, deve-se compreender que esse ancestral continha material genético capaz de originar tanto um como o outro, mas sem ser necessariamente um deles, como verificamos de modo simplificado com morenos que podem ter filhos brancos ou negros, dependendo de como estão dispostos os genes em cada espécie.  Se considerarmos um animal intermediário com todos os genes necessários tanto para gato como para leão o tempo é ínfimo, pois estes animais já existiriam, só não haveria população especializada.  Não estou dizendo que concordo com essa afirmativa, mas apenas que seus conceitos genéticos não estão bem estruturados.  Não há uma transformação de espécies, mas sim de populações.  Os animais especializados não têm os genes capazes de originar a outra espécie, por isso uma não originaria a outra.  Nem mesmo os criacionistas que dizem que o gato e o leão provêm de um mesmo ancestral não muito distante acreditam que os gatos viraram leões, mas sim que havia uma espécie intermediária com todos os genes.

Quando as espécies ficaram especializadas (o gato com o material genético para formar um gato e o leão com o material genético para formar um leão), o potencial genético ficou restrito (releia o tema B do tópico I, se não entender), e um não originaria o outro nem em trilhões de anos, exceto no caso de mutações formidavelmente bem colocadas pelo acaso.  Volto a insistir que não expressei nenhuma opinião com relação à variação dos felinos, nem pretendo fazer neste tópico.

            Continuando, a espécie negra não originou a branca, como prega a evolução (aliás, acho que nem ela fala mais nisso), mas ambas tiveram como antecessores pessoas de tez intermediária, como expliquei no tópico I em todos os meus textos.  É importante perceber que nenhuma modificação no padrão genético foi necessária, ou seja, tudo já era possível desde o princípio.  Assim, como todas as possibilidades já existem, não é necessário muito tempo para a seleção ambiental, a não ser que tais diferenças necessitem de mutações aleatórias para ocorrer, a explicação evolutiva para a especiação e até mesmo surgimento de qualquer nova característica antes não possível.

 

            Aqui não estávamos discutindo a arca de Noé, o Dilúvio e nem a dispersão dos animais pelo globo, que você comentou.  Esses aspectos estão em outros tópicos, e nesse devemos nos ater à diferenciação animal pela variação observável e possível do material genético.  Trazer outros assuntos para cá parece um meio de fugir da discussão, pois os animais variam rapidamente e até os evolucionistas sabem disso.  Assim, os comentários sobre felinos e a Arca de Noé serão sim debatidos, mas em seus devidos locais.

 

            Eu não achei o argumento do ICR sobre um único casal de felinos, você poderia me indicar onde encontrar? Gostaria de ver a explicação deles.

 

            Mudando de assunto, você apresentou uma visão ultra simplista da evolução ao considerar o crescimento de um mês em uma criança semelhante à micro-evolução, enquanto a passagem de criança para adulto seria uma macro-evolução.  O crescimento não é constante, e está totalmente previsto no material genético, e a macro-evolução prega o surgimento de novo material genético. Essa comparação não é sequer lógica, pois os mesmos princípios da micro-evolução deveriam ser os responsáveis pela macro-evolução, e entre o crescimento gradual de uma criança e sua passagem para adulto os mecanismos são diferentes, e muito bem orquestrados pelo material genético, ou seja, a mudança já estava programada. Onde está programada a macro-evolução?

 

            Marcus, você está muito preso a conceitos humanos.  Todos os conceitos humanos podem conter falhas graves, e a maioria, se não todos, contém ao menos pequenas falhas, porque nós somos imperfeitos.  Esqueça o conceito de evolução e tente entender como ela funciona e como explica a variação e o surgimento de novo material genético funcional.  O criacionismo não considera a natureza estática e imutável, mas reconhece que pelos meios observados e provados (recombinação genética, seleção ambiental, dominância de genes, entre outros) a diversificação é possível, a partir da existência de alguns tipos básicos (normalmente incluídos na classificação taxonômica dos gêneros ou famílias, melhor explicado em “Evolução – Um Livro Texto Crítico”).

            A Evolução depende totalmente da mutação.  Recombinação genética e seleção ambiental não permitem a variação fora da capacidade genética, e qualquer modificação além desse espectro necessita de transformação externa dos genes ou até adição de novos genes, impossível de ocorrer sem mutação.  Todas as variações observadas até hoje foram apenas relativas ao genoma já presente, inclusive as mutações que ocorreram sem intercorrência maligna, fato bem observado em bactérias.  Contudo, a essência do genoma não muda, e uma bactéria nunca se tornou qualquer outro tipo celular.  Dizer que o acúmulo de mutações pode levar a uma transformação mais acentuada é apenas conjectura, mesmo usando o milagroso artifício de milhões de anos.  Não existe papel menos central para as mutações.  Elas são o cerne dos processos viabilizadores de novas estruturas ("macro-evolução").  A menos que por acaso eu tenha encontrado apenas autores criacionistas, isso está escrito em todos os livros de Biologia que li. Villee (1979) tem um subtítulo “Mutações – As Matérias-Primas da Evolução” e o “VIDA” (2002) tem o mesmo subtítulo “Mutações são a matéria-prima da evolução” e diz “Sem mutação, não haveria evolução”.

 

            O conceito de Evolução não tem grande importância na discussão da Natureza, e sim os processos que queremos entender.  Podemos considerar os processos observados como Evolução, mas o simples fato de ter esse nome não justifica o processo de formação de novas estruturas sem existir qualquer mecanismo que o demonstre. Podemos considerar no criacionismo, então, a existência de evolução sim, mas dentro de certos limites e não além do que foi descoberto.

 

            Você disse que alguns biólogos definem Evolução como '"ACÚMULO DE PEQUENAS VARIAÇÕES SUCESSIVAS", que ao longo de grande períodos de tempo, finalmente resultam em GRANDES VARIAÇÕES.' Esse argumento não passa de palavras jogadas se não houver como provar tais GRANDES VARIAÇÕES.  É apenas especulação.  Além disso, as variações não se acumulam, elas ocorrem.  Um branco não acumulou mais variações que um negro.  Um cachorro indiferenciado não tem menos variações que uma raça atual.  E até onde já se observou, as variações são limitadas pelo genoma; para variações além, que nunca foram observadas, são necessários mecanismos “ainda” desconhecidos.

 

            Aliás, os exemplos que eu citei (cães, salmões e um pássaro) são para demonstrar que a diferenciação não precisa ser tão lenta como a Evolução pregava.  Não tive nenhum propósito de dizer que não existiu recombinação ou seleção natural, que realmente aconteceram, e que FAZEM PARTE da Teoria da Evolução.  Essa observação é presa a esse tempo.  Não podemos extrapolar dizendo que ela vai resultar em um salmão-sapo e um salmão-tubarão daqui a milhões de anos, nem há mecanismos capazes de explicar tal transformação por mais gradual que seja.  Como eu disse, os conceitos são de pequena importância, e a observação está sendo renegada por você.

 

            Como já foi explicado, os criacionistas tentam demonstrar que a parte da Evolução que insinua a modificação do material genético e formação de novas estruturas não está correta.  Os processos já observados e comprovados não estão sendo questionados, mas sim utilizados para explicar a possibilidade de uma rápida diversificação das espécies, e não transformações em seres substancialmente diferentes.

            Vejamos no seu exemplo dos Grifons, em que você disse: “Nos meus exemplos, saímos de um quadrúpede terrestre similar a um felino e chegamos a equivalentes a esquilos e ursos, e mais adiante, a mamíferos voadores e até mesmo a antropóides. Observe bem que há a mudança gradativa de estruturas orgânicas que num olhar mais descuidado parecem-se com estruturas novas. De certa forma, as "Asas" já estavam lá, as "Mãos" já estavam lá, porém em "Potencial".”

Todo o "em potencial" a que você se refere não pode passar a existir sem modificação do material genético através de mutações.  Para mãos e asas são necessários novos músculos e nova estrutura para quase todo o corpo.  O novo material genético não surge do nada, mas deve surgir de algum lugar e de alguma forma, e a Evolução responde que através das mutações essas mudanças foram possíveis.  Imaginar um ser se transformando aos poucos em outro é fácil, até certos programas de editar imagens podem fazer isso.  O problema é explicar a plausibilidade dessas modificações.  Fica fácil dizer que "saímos de felinos e chegamos a ursos e esquilos" sem explicar os mecanismos genéticos responsáveis por essas mudanças.  O DNA não é tão simples de ser manipulado, ainda mais de sofrer mutações tão precisas que além de não serem descartadas pela seleção natural ainda unem-se a outras mutações até começarem a surgir resultados satisfatórios.  Se Deus (ou alienígenas muito avançados) não dirigiram esse processo, duvido muito da sua possibilidade.

            Seu raciocínio de que existe o “potencial” das patas para originarem mãos e asas está errado. Se existisse esse potencial ele deveria ser observado e não apenas especulado. Naquela população de Grifons indiferenciados deveriam surgir ao menos alguns com mãos e asas esporadicamente, ou ao menos essa potencialidade deveria estar nos genes, e poderíamos chegar a mãos e asas se houvesse cruzamento forçado e possibilidade da expressão desses genes, como deve ter ocorrido com as raças de cães que foram obtidas e não sobreviveriam na natureza.  São genes “escondidos” no DNA.  De qualquer forma, esses genes deveriam vir de algum lugar, e apenas as mutações podem explicar essa origem. Não mutações aleatórias, mas sim muito bem organizadas.

            O DNA responsável pelas estruturas é o mesmo, mas sua interação é muito mais complexa que a Evolução parece desejar.  Os mecanismos moleculares são fantásticos e os genes estão de tal forma distribuídos que é possível sua recombinação e a combinação de seus produtos para a formação de qualquer estrutura.  Mesmo com a mesma estrutura básica de DNA, todos os órgãos e células só poderiam ter seus procedimentos modificados para um estádio funcional diferente através de mutações ou manipulação precisas.

           

            Logo após você tentou exemplificar com a evolução do olho humano, que tem o mesmo mecanismo básico de uma célula fotossensível de planária.  Veja que eu não fiz qualquer menção ao olho humano ser algo sem paralelo na história evolutiva, como pode ter parecido pela sua tréplica.  Se você quiser discutir o organismo humano, podemos abrir um novo tópico (como você deve ter percebido, eu sou muito sistemático).  Contudo, a formação do olho humano também não é tão simples como a Evolução gostaria que fosse.  Há uma intrincada interação genética durante a embriogênese que depende totalmente das informações preexistentes no DNA.  O surgimento de um olho a partir de uma célula fotossensível é impossível.  O mecanismo de ação não é parecido porque um evoluiu do outro, mas sim porque têm funções semelhantes, ou seja, a captação da luminosidade.  O DNA necessário para a formação de ambos é diferente, pois muitas são as diferenças entre esses órgãos.

            Se considerarmos que uma célula fotossensível e o olho humano têm o mesmo princípio, mas mecanismo de ação e estruturas diferentes, além de centenas (talvez milhares) de novas estruturas, podemos fazer uma analogia com um monociclo e um caminhão. Esses veículos possuem o mesmo princípio, mas mecanismo e estrutura diferentes, além de dezenas (ou centenas) de novas estruturas. Não é necessária a existência de um para se chegar ao outro, e não se pode construir um caminhão a partir de monociclos. Além de muitas outras objeções. E veja que interessante! Tanto o caminhão como uma novíssima Teoria Física Quântica (como você citou) podem ser explicados em termos históricos e podemos compreendê-los. Basta procurar quem foram os idealizadores, quais materiais eles usaram, em quem eles se basearam, e quais métodos eles utilizaram, chegando até ao início das idéias! Em contrapartida, para a célula fotossensível e o olho humano a Teoria da Evolução insinua um evoluindo até o outro sem explicar os meios e nem a origem da “simples” célula “primordial”. Isso sem nem querer saber do idealizador...

 

            "Isso é ainda mais flagrante quando descobrimos que bastam alterações pequenas no DNA para produzir diferenças drásticas, ou seja, todo o potencial está lá. De certa forma, nada há de novo." Essa frase não explica nada.  As diferenças drásticas apenas destroem os seres vivos, nenhuma é vantajosa, os seres vivem muito bem da forma que estão.

 

            Vou colocar outro assunto também.  Até pouco tempo muitos cientistas acreditavam que o ser humano usava apenas 10% ou menos da capacidade cerebral, inclusive alguns professores meus da Faculdade de Medicina ainda acreditam nisso.  Infelizmente não sei de onde saiu essa crença, mas acredito que seja porque os exames antigos de imagem do cérebro mostravam poucas áreas ativas de forma geral, e alguns cientistas acreditavam que nossa inteligência poderia ser muito maior se o cérebro usasse toda a capacidade, como "freqüentar 3 faculdades, ler 100 livros por mês" e coisas do gênero.  Não sei como a Evolução se meteu nisso, mas encontrei sua explicação para nós usarmos tão pouco do cérebro: este é formado por um tecido muito nobre, que necessita de extenso fluxo sanguíneo e grande oferta de oxigênio.  Assim, evolutivamente esse tecido ficou bastante protegido e sobraram muitos "restos" evolutivos, que nós não usamos mais e que não foram excluídos por ser tecido caro.  Faz sentido que a evolução queira proteger algo tão nobre quanto o cérebro.

            Contudo, nas experiências de estímulo elétrico do cérebro e durante neurocirurgias percebeu-se que eram poucas as partes que não ocasionavam alteração ao serem estimuladas ou lesadas.  Chegaram à conclusão de que usamos no mínimo 90% do cérebro.  Ou seja, a resposta evolutiva foi totalmente aleatória, idêntica aos processos "macro-evolutivos" da Teoria da Evolução. (tirei a explicação evolutiva da Scientific American – EUA, volume 290, número 6, Junho de 2004, pg 86).

 

            Voltando aos felinos, você perguntou: Se fosse possível em menos de 4 mil anos variações de descendência a ponto de transformarem gatos em tigres, porque não se observam ao menos Jaguatiricas darem origem a Onças em menos de um século?”

            Como já disse várias vezes, uma jaguatirica nunca daria origem a uma onça porque o potencial genético não deve ser o mesmo de antigamente, já que esses animais estão distantes de sua provável origem e já devem estar diferenciados.  Também não citei essa transformação em lugar nenhum de qualquer de meus 2 textos.  Pelo tom e grifo dessa observação sua, parece que importa mais o sensacionalismo que os argumentos realmente declarados.  Não é necessário escrever em tom de grito ou como se fosse uma questão importante, primeiro porque eu analiso praticamente todos os seus argumentos, se não todos, mesmo sem ter resposta.  Segundo porque não usei esse exemplo em nenhum momento nem sugeri essa hipótese, e terceiro porque não há base genética para essa proposição, pois como já disse poderia não existir mais o potencial genético de diferenciação nesses animais.

 

            E retornando ao seu comentário sobre meu exemplo dos cães, não importa se eles sobreviveriam ou não em ambiente natural, e sim sua capacidade de diversificação, a possibilidade existente no material genético e que nem sempre é totalmente explorada pelo ambiente.  Não deixa de ser um processo rápido para a evolução. Esse potencial sim estava lá, e foi claramente demonstrado. Se um suposto potencial não pode ser demonstrado, deve ser considerado com muita cautela, para não dizer ignorado.

 

            Quanto à compreensão depender do reconhecimento da totalidade e irredutibilidade dos sistemas naturais, eu queria dizer que sempre devemos ter em mente a complexidade da vida, tentar simplificar apenas para entender, nunca considerar que a Natureza seja simples de explicar, como você freqüentemente tem imaginado pelas suas respostas, até mesmo em relação à Evolução.

            O fato de existir uma infinidade de espécies e muitas ainda desconhecidas não é problema para uma explicação de menos de 4000 anos.  Os processos de diversificação podem ser rápidos, como já demonstrei nesse tópico e no anterior, e esse fato aliado à dependência de gerações e não em anos brutos da diferenciação, além do conhecimento do conceito de potencial genético, torna fácil a compreensão de por que não é mais difícil explicar esses processos para os animais que para os homens.

            Mais informação a respeito do tempo estará no tópico VI, juntamente com explicações para a dispersão dos animais pelo planeta. As mesmas leis e respostas no tópico I aplicam-se igualmente para a diversificação animal, e parte das explicações deste tópico e do VI aplicam-se ao ser humano.

 

            O livro Evolução – Um Livro Texto Crítico explica muito bem o conceito de “pool” gênico relacionado aos animais. A leitura é muito boa e didática, inclusive falando de felinos. Como algumas situações só poderiam ser encontrados em publicações especializadas, esse livro é ótimo pois reúne vários exemplos.  Podem me achar suspeito para dizer, mas garanto que o conteúdo não é fanático, errado e nem mentiroso.

 

            Para encerrar mais esse longo tópico, suas colocações finais sobre minha consideração da questão estar novamente respondida:

            “Novamente, como? E o tempo? Você teve em mente que esta explicação deveria dar conta da exótica situação de um Dilúvio Universal que exterminou tudo o que tem fôlego de vida sobre a Terra? Que todos os animais não aquáticos teriam que ter ancestrais numa lendária embarcação mitológica de madeira com 150 metros de comprimento que navegou 150 dias sobre o Mar? E que tudo isso teria se dado a no máximo uns 5 mil anos?”

            Esses assuntos estão em outros tópicos. O tempo não deve ser problema para a diversificação dos animais, assim como para os humanos, como foi explicado no tópico I e nesse, além de alguns outros comentários a respeito no tópico VI. Cinco mil anos são o suficiente para a diversificação atual pelos processos conhecidos, ou seja, sem transformações estruturais como é necessário na Teoria da Evolução. Você acreditar ou não nisso não é problema do criacionismo, peço que estude melhor os assuntos abordados.

“Teriam os animais "Matrizes" da arca a mesma super capacidade de variabilidade genética que teriam possuído os pré-adámicos? Tendo seus descendentes posteriormente perdido tal capacidade?”

Os animais não devem ter perdido a capacidade de variação, apenas estão especializados, ou seja, com pequeno “pool” gênico para gerar vários fenótipos. Contudo a maioria dos animais ainda tem alguma capacidade de variação ou mesmo bastante em alguns casos (por exemplo aqueles salmões se dividirem em uma espécie de água doce e uma de água salgada).

Não se preocupe em julgar a questão, mas em entender a explicação.

 

            III) Pingüins, Possível Exemplo de Dispersão

 

Foi muito bom você ter entendido a base da explicação para a distribuição dos pingüins, em que eu usei dedução lógica, e nenhuma tentativa de enganar ou persuadir a crerem cegamente na idéia.  O criacionismo é o estudo de uma terra jovem, e para isso usamos a ciência, não com o objetivo principal de provar para os evolucionistas que estão errados, mas sim de entender os dados encontrados na natureza partindo da generalização de uma terra jovem, assim como os evolucionistas tentam entender os mesmos dados através de uma generalização de terra antiga.

            Voltando ao assunto, com relação aos icebergs, minha dúvida era em como um pingüim poderia viajar nele, pois normalmente eles têm formato cônico, são escorregadios, e uma viagem de 2000 quilômetros é bem longa.  O iceberg até chega, o pingüim eu já não sei se estaria nele.

            O assunto da migração a partir do Mediterrâneo pode ser entendido facilmente, mas necessita de uma explanação maior, que seguirei adiante, na seqüência de suas dúvidas.  Antes, é preciso estar familiarizado ao contexto dessa migração.  Lembre-se que estamos num mundo pós-dilúvio inicial, com algumas características peculiares, talvez até mesmo desconhecidas.  Vou me concentrar no exemplo dos pingüins, que pode ser extrapolado para a maioria das outras situações.

            O Dilúvio foi um evento catastrófico mundial, no qual foi formada a grande maioria dos fósseis atuais, e sabemos que o processo de fossilização é raro, necessitando geralmente de uma morte rápida por soterramento.  Animais mortos decompõem-se ou são devorados.  Nesse contexto, não é esperado encontrar fósseis da migração desses animais no caminho do Mediterrâneo para a Antártida, já que essa deve ter ocorrido em pouco tempo.  Relatos históricos da migração são ainda mais improváveis, já que havia poucas pessoas nessa época.  A Bíblia não é um tratado de ecologia, e narra fatos importantes para o ser humano ou ao menos que este pôde observar.  Migração de alguns poucos pingüins não é algo tão importante, ainda mais quando muitos outros animais estavam migrando ao mesmo tempo.

            Também não se pode considerar uma “migração” propriamente dita na maioria dos casos, pois bastou apenas a necessidade ou curiosidade de buscar novos ambientes para que os animais se espalhassem, sem precisar de migrações coordenadas. Não foi uma viagem orquestrada com centenas ou milhares de indivíduos, como você parece estar considerando (ver Tópico VI).

 

            Outro comentário pertinente deve-se a que todos os animais que entraram na Arca não viviam necessariamente no Oriente Médio antes do Dilúvio.  Os selecionados foram guiados ou encontraram a Arca pouco antes deste acontecer, mas a maioria já vivia espalhada pelo mundo antigo todo, como vemos nos fósseis.  Além disso, a Bíblia não apenas não cita os pingüins como não cita praticamente nenhum animal pré-diluviano.  A Bíblia não contém todos os dados existentes na época, mas sim aqueles necessários para nossa compreensão, e seu relato é estreitamente relacionado à condição humana, e não às condições climáticas, zoológicas ou geográficas em questão.

           

            Antes de analisar os fatores que você propõe em contrário à possibilidade (a ausência de provas da migração não é um deles, como já disse), devo falar sobre as condições do planeta no contexto do mundo pós-diluviano inicial, naquilo que chamamos de era glacial. Como você bem observou no item 2 da sua tréplica neste tópico, as correntes marítimas poderiam ser bem diferentes logo após o Dilúvio, tanto para facilitar como para dificultar os deslocamentos oceânicos. É preferível para o criacionismo crer que facilitaram, mas estou baseando os argumentos nas correntes marítimas atuais.

           

            Também vou responder à pergunta: "Por que não há nenhum registro fóssil, histórico ou mesmo Bíblico de todas as milhões de espécies animais que pelo menos hoje, não mais existem no Velho Mundo?”.

            Como eu já disse, os animais que foram para a Arca não necessariamente viviam onde hoje é o Oriente Médio, e o clima pré-diluviano naquele ambiente deveria ser diferente. Uma vez que poucos animais foram para a Arca (os outros continuaram espalhados pelo mundo) e a grande maioria dos fósseis foi formada durante o Dilúvio, não é esperado nenhum registro fóssil mesmo. Não mais que os trocentos bilhões que deveriam existir para a Evolução, que abrange bilhões de anos (tempo para viverem milhares de vezes trocentos bilhões de espécimes variados). Registros históricos de migrações são ainda mais improváveis em uma época com poucas pessoas, com uma dispersão espaçada dos animais, sem contar que nunca ouvi falar de registros históricos com detalhes da vida animal. Registro bíblico ainda menos, como já expliquei antes.

 

            1. “o Ártico é mais perto”. Essa distância é relativa, pegue um mapa com montanhas. O Ararat, local onde parou a Arca de Noé, fica no sul do Cáucaso, que impede a passagem para o Norte. O mar é mais acessível pelo sul, e montanhas dificultam para o Oeste. Atravessar montanhas ou uma grande planície ao leste não é possível para pingüins, enquanto seguir o rio Tigre até o Golfo Pérsico é muito mais provável, e condizente com a distribuição geral existente. No oceano, após a África do Sul, para o norte há apenas correntes quentes muito longas, e os animais acabariam morrendo. Portanto, não há pingüins no Ártico porque a hipótese criacionista não está de acordo essa possibilidade (raciocínio típico da evolução).

 

            2. “a hipótese seria melhor em uma Terra Antiga”. Não entendo como a micro-evolução poderia apagar os supostos vestígios de uma migração.  Acho que você não entendeu bem as migrações supostas. O que seria essa “tal magnitude”? Eu já disse que os animais se espalhariam aos poucos e não em bandos imensos (ver nesse tópico e no VI). E por que em 4 mil anos seriam esperados mais fósseis?  Pelo contrário, a fossilização é algo raro atualmente e aconteceu principalmente durante o Dilúvio, então na generalização criacionista de terra jovem não é esperado nenhum fóssil nessa situação, o que se adequa à falta de evidências.  Você está correto quanto a Terra logo após o Dilúvio estar em uma situação diferente da atual, como eu já citei acima.

            Acredito que estamos com um problema de comunicação pelos seus comentários finais, em relação ao Dilúvio e a deriva dos continentes. Essa não ocorreu em alguns anos, mas sim em menos de um ano, o que impossibilita os pingüins de “pegarem carona”. Isso é assunto do tópico seguinte, então peço que leia aquela parte para entender do que estou falando.

 

            3. “é mais fácil os pingüins terem saído da Antártida”. É verdade que sair desse continente parece mais fácil que chegar, mas isso não impede a chegada de forma alguma. Agora, no seu modelo onde estariam as outras aves, das quais os pingüins evoluíram? E também, aparentemente aqueles da Antártida são mais especializados que os de outros ambientes, como irei abordar após esses itens, enquanto deveriam ser menos especializados para originar as outras espécies que se espalharam. Uma hipótese só pode ser mais provável que a outra se considerarmos a mesma generalização, então não podemos dizer que a hipótese da evolução na Antártida é menos provável no criacionismo porque aqui ela não poderia existir.

 

            4. “a influência das correntes marítimas é desprezível”. Você parece estar forçando para apoiar sua hipótese. Veja, Marcus, você está sendo extremista ao pular de uma idéia em que uma corrente oposta impediria a migração (na primeira resposta) para uma em que elas têm valor insignificante na migração (última resposta). Fosse assim, haveria pingüins em locais como o RJ com freqüência igual à do sul do Brasil, onde acaba a Corrente do Brasil. E como você observou, há mais pingüins na costa Oeste da América do Sul, até as Ilhas Galápagos, provavelmente devido à corrente favorável do Peru. Sem considerar outros tipos de exemplo como a influência nas navegações e até na fuga dos cubanos para a Flórida, que aproveitam a Corrente do Golfo apenas em jangadas ao léu. Sobre as correntes e mares quentes no Oriente Médio, ainda há possibilidade de aproveitar as correntes, e para melhorar a hipótese poderíamos nos apoiar nas condições facilitadoras do pós-Dilúvio recente (Era Glacial).

 

            Finda a explanação, creio que a hipótese ganhou um contorno ainda mais plausível, já que a maioria dos dados que procuro encontro da forma como seria previsto. Felizmente reconheço que não é o deus Acaso me guiando, mas sim o Deus Vivo.

 

            Ainda tenho alguns assuntos a tratar, na tréplica localizados do tópico IV, mas referentes aos pingüins ainda. Seus comentários foram sobre a Antártida estar próxima da América do Sul e seus habitantes serem semelhantes, e também que há outros animais vivendo na Antártida. Você citou novamente as “tão fabulosas migrações” que na verdade não existem nas idéias apresentadas.

            Na Antártida vivem insetos e aranhas diminutos (até 2,5mm), focas, baleias, pingüins, gaivotas e outras aves voadoras costeiras (segundo a Enciclopédia Delta Universal, termo “Antártida”).  Nenhum animal incapaz de chegar à grande ilha através do Oceano ou ar. Todos podem ter migrado até lá sem precisar evoluir no continente. Nenhuma planta evoluiu para sobreviver lá, nenhum animal terrestre além de minúsculos insetos evoluiu por lá. Nada que apóie uma evolução no continente, até focas existem em outros locais, até no Ártico, local muito mais provável para uma evolução a partir de outros animais. Não encontrei nada sobre fósseis de pingüins ou ancestrais. Em um primeiro momento o criacionismo e o evolucionismo estão quites nessa questão, pois em ambos os animais deveriam ter chegado no continente após ele e as espécies já estarem formados. E não adianta apelar para o tempo, pois num ambiente vazio e com muito alimento tais animais poderiam muito bem ter chegado em menos de 1000 anos (que é muito tempo).  Essa compreensão pode ser conseguida com os argumentos dos tópicos I, II e VI.

            Contra a evolução dos pingüins na Antártida também há o fato de os que vivem nesse continente serem adaptados (especializados) para o frio, enquanto há outros menos especializados e com provável maior capacidade de variação (leia o tópico I, tema B) em outros ambientes. Aqueles das Ilhas Galápagos, por exemplo, não poderiam sobreviver na Antártida, enquanto os da Antártida teriam dificuldade para viver nessas ilhas, por suas características peculiares de adaptação ao calor e ao frio respectivamente.  Portanto, sua saída do continente gelado para outros ambientes parece improvável, enquanto a distribuição de espécimes indiferenciados a partir de um local como a África do Sul seria capaz de atenuar essa dificuldade.

 

            Finalizando, já vimos que não são necessárias evidências da migração dos pingüins, porque não se tratou de “jornada” ou “fabulosa migração”, se não uma dispersão gradual (no tópico VI veremos mais a respeito). Na generalização criacionista seria é estranho encontrar fósseis ou registros históricos a respeito, pelas condições já referidas. Portanto, a dispersão dos pingüins não é uma hipótese improvável, é até fácil de explicar, ao contrário da distribuição das capivaras, que nem tentarei abordar por enquanto. Apenas saliento a sua precipitação em dizer que elas são únicas do Brasil, pois vivem até na América Central e na pré-história viviam no Sudeste dos EUA (mesma enciclopédia, vocábulo “capivara”. Ora, teremos aqui um princípio de explicação?).

 

            Espero a elucidação de suas dúvidas, por favor leia e releia esse tópico e outros antes de achar que não entendeu.  Lembre-se, não tenho pressa em ver uma resposta.

 

IV) Dilúvio, Deriva dos Continentes, e Hidroplacas

 

            Antes de iniciar a discussão, a Teoria das Hidroplacas está no site www.creationscience.com, que alguém me mostrou por acaso (?) após eu já ter enviado a segunda parte do debate.  Ela é completa, com uma explicação muito convincente e científica para o Dilúvio. Um link direto para uma parte dela está em www.creationscience.com/onlinebook/HydroplateOverview7.html.

 

Primeiro, não sei se foi confusão ou não, mas a hipótese não é de uma “pangéia super acelerada”, mas sim da separação brusca da Pangéia.  Não sei quanto à validade da Teoria das Hidroplacas e dessa divisão brusca, mas parece convincente pelo que eu tive a oportunidade de conhecer. Vale lembrar que a idéia de um movimento lento dos continentes por milhões de anos é colocada na nossa cabeça desde a 5ª série do ensino fundamental, além de ser confirmada por todos os grandes meios de comunicação.  Assim, é realmente difícil discordar dela.  Eu mesmo não acreditei no início, e depois de ter acreditado ainda duvidei por algum tempo, apenas entendendo após algum esforço na procura por informações a respeito dos continentes.

            Não é uma teoria confusa, e sim difícil de compreender quando temos acentuado preconceito contra as idéias criacionistas, e pela dificuldade em se encontrar tal teoria de forma didática.  Como você sabe, os cientistas de forma geral têm aversão ao Criacionismo, e por ser uma teoria criada por um criacionista e embasar as idéias criacionistas, dificilmente os meios científicos gerais vão aceitá-la ou até mesmo analisá-la.  Infelizmente existe esse preconceito.  Se tais cientistas querem mesmo desacreditar o criacionismo, por que não analisam a teoria de forma coerente?

           

            Também há no site www.globalflood.org uma outra explicação para o Dilúvio, que não parece estar relacionada às hidroplacas, mas como dessa não conheço nada então não vou comentar. O livro “Em Busca das Origens – Evolução ou Criação?” possui uma boa parte explicando o Dilúvio, que não cheguei a ler ainda.

 

            Percebi ser um grande problema no criacionismo a dificuldade da difusão das idéias.  Apenas em palestras e lendo no site a teoria pode ser melhor entendida, contudo já assisti a uma palestra criacionista que mais confundiu que esclareceu.  Esse é mais um dos motivos para o descrédito, a não compreensão.

            Tentarei então apresentar um resumo do Dilúvio com as informações que possuo.

 

Compreender a seqüência do Dilúvio não é difícil.  O único problema é que não há um bom resumo do fenômeno segundo a Teoria das Hidroplacas, e pela pouca divulgação mesmo nos sites criacionistas parece ser uma idéia complicada.

            No período pré-diluviano havia um único continente e uma grande camada de água subterrânea (cerca de 12km de profundidade, entre as rochas de granito e de basalto).  Em alguns poços na Bavária, Alemanha, encontrou-se rachaduras com água salgada a 9km de profundidade, enquanto na Península de Kola, Rússia, foi encontrado fluxo de água mineral muito quente a 12km. O limite de penetração da água é de 8km. O site www.creationscience.com tem as referências.

            Durante o Dilúvio a crosta se abriu em fendas que fizeram jorrar a água subterrânea.  Por causa da pressão, a água jorrou a quilômetros de altura, por todo o planeta.  Nas áreas polares, a água caiu em forma de gelo juntamente com gás carbônico nessa forma, capazes de congelar instantaneamente.  A lama foi responsável pelo soterramento e fossilização da maioria das criaturas que hoje encontramos nos fósseis.  Com a água subterrânea jorrando, ocorreu o deslocamento das massas de terra sobre essa água, separando os continentes (imagens em www.creationscience.com/onlinebook/HydroplateOverview7.html).

           

Dia

Fato

0

Início do Dilúvio

40

Fecham as fontes (fim da chuva)

150

Arca repousa

223

Aparecem os cumes dos montes

263

Noé abre a janela

270

Solta a 1ª pomba

277

Solta a 2ª pomba (traz ramo de oliveira)

284

Solta 3ª pomba (não volta)

313

Remove a cobertura

371

Noé sai da arca

           

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A deriva continental deve ter se iniciado no momento da abertura das fontes, e durou cerca de 150 dias.  Como a chuva parou no dia 40, é fácil compreender que a água encobriu todos os montes, enquanto ainda ocorria a formação das maiores montanhas.  Enquanto essas se formavam, sobrava mais espaço no fundo dos oceanos, já que a terra deveria “sair” do mar para formá-las. Também ocorreu uma acomodação do fundo dos oceanos, com seu rebaixamento e a formação dos abismos oceânicos, e evaporação da água. Esses fenômenos contribuíram para que todos os montes pré-diluvianos fossem encobertos pelas águas, e depois foi que as novas montanhas, mais altas que as anteriores, se formaram, enquanto a água se evaporava e se acomodava no fundo do oceano. Hoje há uma grande quantidade de água em forma de vapor, que no Dilúvio deveria estar condensada pelas condições impróprias para evaporação.

A acomodação dos continentes ocorre até hoje com os terremotos e vulcanismo. Logo após o Dilúvio deve ter ocorrido o que hoje chamamos de Era Glacial, durando cerca de 300 anos, por evaporação da água e conseqüente perda do calor ambiental, dentre outros motivos.

Dessa forma, retornando a algumas dúvidas da sua tréplica, ninguém pôde observar a separação dos continentes e nenhum animal da Arca poderia ter “pego carona” na deriva, pois os novos continentes estavam se formando enquanto as pessoas e animais estavam na Arca. Apenas sementes, esporos, ovos de insetos e talvez de anfíbios poderiam ter se utilizado dessa “carona”, segundo algumas explicações do tópico V.

Esse resumo do Dilúvio pode ser usado para compreender outras argumentações nos demais tópicos, e como sempre, alerto que posso estar equivocado em alguma parte, e peço para aqueles mais desejosos de conhecer a Teoria das Hidroplacas que acessem o site e leiam por si próprios.

 

Você disse que “todas as evidências geológicas, como a geografia acidentada, bem como a aparência das camadas, são muito mais harmônicas com um processo lento e aleatório do que com um processo rápido e ainda por cima dirigido por alguma inteligência.”

            Na verdade as evidências geológicas são interpretadas atualmente através de uma pré-concepção de uma terra antiga e não catastrófica, enquanto antigamente elas eram interpretadas através de uma idéia de terra jovem e catastrófica. A própria Teoria das Hidroplacas explica grande parte de tais evidências, que apóiam um processo rápido, não necessariamente dirigido diretamente por alguma inteligência. A aparência das camadas pode ser explicada pelo processo de liquefação, na qual o movimento contínuo e turbulento das águas causa a deposição ordenada dos sedimentos em alguns dias.  Esse processo está explicado e demonstrado no site www.creationscience.com, mas não lembro o local exato.

            Algumas evidências que apóiam um processo rápido são a formação oblíqua de certas camadas, a sobreposição (em que camadas mais “velhas” estão sobre as mais “jovens”) e a aparente ondulação em alguns extratos, impossíveis de se conseguir através de uma deposição lenta. Esses exemplos estão no livro “Em Busca das Origens”, alguns no “Livro Crítico” e deve ter algo no site citado.  Também pode-se encontrá-las em livros gerais de Biologia, não criacionistas, que tentam explicá-las pelo evolucionismo.

            Duas evidências paleontológicas são a presença de espículas de esponja marinha em sedimentos de 14 milhões de anos no interior dos EUA, e fósseis de árvores que atravessam várias camadas de milhões de anos. Como não tenho muitas referências para esses dados, vamos evitar debatê-los, ou ficaremos no “eu acredito, eu não acredito”.

            Se há alguma evidência que você queira discutir, então basta dizer.  Não garanto resposta para todas, entretanto me empenharei ao máximo para explicar.

 

Seus comentários sobre a Antártida e os pingüins já foram discutidos no tópico III, e mais alguns argumentos pertinentes estarão logo em seguida neste tópico.

 

Você disse que não entendeu meu seguinte comentário: "Apesar de o manto terrestre não ser sólido, a crosta terrestre, com o fundo dos oceanos e as placas continentais, é sólida. Mesmo com a movimentação do magma, seria necessário que as placas se sobrepusessem, senão só poderiam deslizar umas contra as outras, com os continentes fixos sobre elas. Seria como aquecer uma sopa com lâminas de pedra justapostas. Elas podem tomar o lugar uma da outra, sem encontro de suas superfícies, algo necessário para o encontro dos continentes. Isso impede a existência da Pangéia."

Eu queria dizer que pelo modelo das placas tectônicas uma placa precisaria se sobrepor à outra, e exatamente nesse modelo a existência da Pangéia fica prejudicada por esse motivo.  Eu não disse que não ocorreu a Pangéia, mas sim que o modelo de placas em movimento impede sua existência, contradizendo a evolução. Contudo, existe sim uma explicação para resolver esse problema na tectônica de placas, o derretimento e incorporação das placas ao manto terrestre.  Infelizmente não conheço bem esse assunto, e me parece que até essa explicação seria insuficiente, pois assim as terras do início da Pangéia deveriam hoje estar liquefeitas sob outras placas, enquanto os fósseis indicam vida em terras quando os continentes ainda estavam bem unidos.  Saliento a superficialidade dessa observação, uma vez que eu ainda não analisei bem esse ponto.

Sobre as montanhas, quase todas são sólidas por dentro e sem conteúdo vulcânico, até as vulcânicas são sólidas, e possuem vãos para o escape de magma. Como o modelo geológico atual deve ter uma explicação para o dobramento das montanhas lentamente, não vou adentrar esse assunto, mesmo não conhecendo uma explicação satisfatória para resolver o problema. O site de geologia http://domingos.home.sapo.pt/index.html é muito interessante e com vários assuntos relacionados ao que estamos discutindo. Não é criacionista.

 

Pelo último parágrafo de sua tréplica nesse tópico, adentramos um pouco o tópico VI, sobre a dispersão dos animais e sua similaridade em ambientes próximos. A deriva continental lenta é a única explicação que você conhece, e não a única que existe, fique bem claro. A migração dos animais é um fator muito mais importante, além de também ser considerado pela evolução, como na explicação da diversidade e dispersão do Homo sapiens. Perceba que os povos mais próximos são mais parecidos, não por terem se transformado, mas por pura similaridade genética oriunda dos mesmos ancestrais (de milhares de anos e não milhões). Assim, ao se dispersarem pelo mundo, alguns animais foram para um ambiente e outros para ambientes diferentes, diversificando-se a partir de diferentes ancestrais, explicando a similaridade em ambientes próximos e distância genética em ambientes distantes. Ao conhecer um pouco mais de genética de populações e ecologia você descobrirá outras explicações. Baseie-se no tópico I, temas B e C, tópico II e VI. Os pingüins no tópico III são um bom exemplo, sem necessidade de deriva continental e nem transformação.

 

Por favor, Marcus, reflita nos assuntos e informações apresentados, para compreender que o principal motivo de você não encontrar uma explicação de Criacionismo de Terra Jovem convincente é seu desconhecimento de padrões biológicos bem definidos e capazes de elucidar muitas dúvidas suas sem a necessidade de milhões de anos.

 

V) Arca de Noé, Animais e Plantas no Dilúvio

 

            Antes de responder às 3 questões propostas por você diretamente, ainda gostaria de saber das sementes, esporos, ovos de invertebrados, próprios invertebrados, anfíbios, etc, sobreviverem nas condições citadas. Pelo que conheço e continuei estudando, plantas e invertebrados são muito resistentes, podendo sobreviver às águas do Dilúvio.  Se há objeções, gostaria de conhecê-las.

 

Na seqüência, resumindo meus argumentos no tópico V e outros das partes Primeira e Segunda (meus textos anteriores), abordarei suas “questões”.

 

1.      Como os animais específicos de cada região foram chegar até lá?

Essa pergunta é concernente ao próximo tópico (VI) e não a esse, e há associação com parte do conteúdo dos tópicos I, II, III e IV.  Veja então no tópico VI a devida resposta.

 

2.      Como as milhões de espécies vegetais de cada região do mundo sobreviveram ao Dilúvio? Havia na Arca de Noé exemplares de vegetais de todas as partes do planeta?

Segundo o livro Vida – A Ciência da Biologia (2002), capítulo 23 – Reconstruindo e Usando Filogenias, pg 434, existem cerca de 275 mil espécies de plantas.  Nem meio milhão no mundo todo, e não por regiões. Muitas espécies ainda são capazes de cruzar entre si artificialmente.

As espécies vegetais sobreviveram ao Dilúvio através de seus esporos, sementes, brotos e alguma outra forma possível de resistir às condições próprias do evento.  Tais partes das plantas são geralmente muitíssimo resistentes e podem germinar após vários meses de espera (ver qualquer livro de Biologia ou Botânica), justificando a não necessidade de levar exemplares na Arca de Noé.  Além disso, existe um mecanismo de diversificação das plantas semelhante ao dos animais, não precisando que as 275 mil espécies atuais tivessem exemplares vivos (não na forma de plantas adultas, mas sim de sementes, esporos, brotos, entre outros), mesmo que a sobrevivência não seja um problema.  A Arca poderia carregar muitas sementes diversas, contudo a Bíblia cita apenas o carregamento com vegetais próprios para a sobrevivência das pessoas e animais.

Assim, a Bíblia não diz se havia na Arca um exemplar de cada vegetal existente, e não há necessidade para tal devido à facilidade de propagação e resistência das plantas.

Por fim, segundo o que entendi das condições pré-diluvianas, o clima era uniforme assim como a distribuição das plantas e animais, não sendo necessário, como na sua pergunta, que se pegasse exemplares em todas as regiões do planeta.  Veja que essa observação não é necessária para a resposta.

 

3.      Como as milhões de espécies de artrópodos sobreviveram ao Dilúvio? Havia na Arca uma seção com milhões de compartimentos para “casais” de insetos, aracnídeos, crustáceos e similares?

Segundo o livro Vida – A Ciência da Biologia (extremamente evolucionista), capítulos 31 e 32, pgs 547, 49, 51, 54-62 e 564, existem cerca de 1,7 milhão de invertebrados (1,5 milhão só de artrópodos).  Bastante, mas não justifica o termo “milhões”, que varia de 2 a 999 milhões ou além.  Muitas possivelmente diversificaram-se como ocorreu com os animais e as plantas, aumentando o número de espécies desde a época do Dilúvio até hoje.  O número de indivíduos hoje é estimado em mais de 108, ou um quinquilhão (mesmo livro, pg 564), e uma quantidade semelhante deveria existir no período pré-diluviano.  Ou seja, possibilidades casuais extensas de sobrevivência, para começar.

Os artrópodos são conhecidos por sua incrível resistência, e as condições do Dilúvio não devem ter sido nenhum problema para eles, especialmente se considerarmos o imenso número de indivíduos e a resistência também de seus ovos e larvas, formas mais prováveis de sobreviver. A Arca pode ter carregado muitos insetos entre os vegetais e animais, e também no casco, e mesmo essa alternativa não é necessária. Não vejo nenhum problema com eles, gostaria de saber em que se baseia sua dúvida.

 

            As respostas foram dadas, e obviamente são teóricas, pois eu não poderia demonstrar empiricamente estes fatos. Contudo, em cada uma delas já foi abordada a parte científica condizente. Onde estão as ousadias ou sobrenaturalidades difíceis de aceitar? São aquelas que eu li nos livros de Biologia e embasam minhas respostas? Ou estará a argumentação inconsistente com os dados existentes?

           

            Mudando de assunto, vamos agora analisar a própria Arca de Noé.

            Seus comentários principais foram:

            O fato de a Arca não ser de fato um navio só piora as coisas, pois a forma típica dos navios é sem dúvida a melhor para manter uma embarcação na água, qualquer outra silhueta tornaria as coisas ainda mais difíceis. Mesmo que não fosse navegável, a Arca teria sim que ter, ao menos na metade inferior, o design típico de um navio. Com tudo isso, não há a menor dúvida que uma estrutura como a Arca continua sendo inconcebível em termos funcionais, de 150m em madeira pura, numa época onde sequer havia metais, e sem falar na dificuldade envolvida para 8 pessoas construí-la. Já imaginou o tamanho das vigas principais? Como elas teriam sido transportadas das florestas? Seria necessário algumas sequóias inteirinhas para que a estrutura tivesse um mínimo de sustentação, ou toda a estrutura seria tão frágil, na devida proporção, quanto uma caixinha de papelão numa banheira.”

            Antes, é preciso entender a não necessidade de aço ou qualquer metal na estrutura da Arca, e qual tecnologia poderia ter sido usada para construí-la.  A tecnologia é necessária para grandes construções e o que muda são os materiais disponíveis.  Como eu já disse, as pirâmides têm uma engenharia muito complexa, e não precisaram de aço ou qualquer outro metal, enquanto muitos prédios hoje com alguma estrutura metálica não resistiriam tanto e são muito mais simples.

            Também é preciso entender que a tecnologia dos navios não servia para aumentar o tamanho, mas sim a navegabilidade, capacidade de carga e armamentos.  A Arca não precisou de tecnologia de navegação alguma, pois só flutuou.  Construir um navio e uma arca empregam diferentes meios, por isso não é possível uma comparação fidedigna.

            A Arca poderia ser construída apenas com madeira, como foram muitos dos navios antigos.  Por exemplo, temos as barcaças egípcias de mais de 2000 a.C., usadas para transportar enormes pilares de pedras, mediam mais de 60m e carregavam quase 700 toneladas, e eram feitas apenas de madeira, com um formato levemente abaulado no casco e não a típica forma de navio (Enciclopédia Delta Universal, 1985, termo “Navio”, seção “História”).

  Não precisa parecer um navio pra boiar, pois icebergs, bóias, toras de madeira, e muitos outros materiais e estruturas flutuam sem possuírem nenhuma semelhança com um navio. A forma típica de navios pode até não ser a melhor para manter uma embarcação na água, mas sim a melhor para permitir seu deslocamento.

 

Sobre o número de pessoas envolvidas na construção, provavelmente não foram apenas Noé e sua família.  Eles podem ter contratado outras pessoas para auxiliar, que mesmo achando aquilo uma loucura iriam trabalhar pela remuneração.  Isso sem considerar os 120 anos para a construção.

Não sei qual sua intenção sobre as vigas principais.  Os navios de 50m não usam árvores de 50m, mas sim tábuas que são unidas.  Procure em algum lugar sobre a construção de navios e me diga se estou errado, citando a referência, por favor. A madeira usada foi a de cipreste e não a de sequóias. As toras poderiam ser carregadas de muitas maneiras, provavelmente de modo muito mais fácil que as pedras das pirâmides e as imensas pedras dos obeliscos egípcios.

Portanto, nesse parágrafo seu não há nenhum argumento consistente, pois aparentemente você só deu sua opinião sobre o assunto sem muita base.  Eu mostrei as referências e elaborei a argumentação sobre elas e o conhecimento já existente sobre os navios e sua construção.  Segundo suas palavras seria difícil existir até as caravelas de Colombo, e as pirâmides e muitas outras obras incríveis da antiguidade não deveriam existir. Para quem admira tanto a capacidade humana, você está ignorando-a para tentar convencer da sua opinião. Reflita melhor a respeito.

 

            Por fim, no seu penúltimo parágrafo, qual o problema de uma hipótese ser hipotética?  Esse é o objetivo da hipótese!   Praticamente toda pesquisa científica necessita de uma hipótese original, ou simplesmente não aconteceria.

Não precisaria de milagres para a construção da Arca.  Deus, como nosso Criador, sabe da nossa capacidade, e bastou dar as instruções para então os seres humanos fazerem o resto.  Eu não falei de milagres sobre milagres, tentei explicar de modo racional, mas você, aparentemente cego pelo preconceito, só conseguiu ver milagres na minha argumentação, a qual perdi muito tempo elaborando e pesquisando a fim de apresentar algo digno de discussão.  Realmente, precisaríamos de milagres para explicar muitas coisas, como uma viagem à Lua, mas não é necessário para explicar algo que pode ser explicado de outra forma.

 

            No tópico II fiquei de responder aqui sobre a alimentação dos herbívoros e carnívoros na Arca e logo após o Dilúvio. Parece mesmo uma questão mais complicada. Noé levou alimento para os herbívoros e talvez para os carnívoros, e devido às condições de hibernação eles devem ter se alimentado bem pouco. Após saírem da Arca, pelas condições já discutidas no tópico IV, o ambiente deveria estar com vegetação crescente e abundante (em 100 dias cresce bastante mato), e para os herbívoros não deve ter havido qualquer problema, ainda mais que eram poucos no início, e até começarem a se multiplicar de modo significativo podem ter se passado alguns anos, tempo para crescerem muitas plantas.  Os carnívoros também estavam em pequena quantidade, e precisamos considerar aqui a maior duração das gerações para esses que para os herbívoros, que ao se multiplicarem mais rápido serviram de alimento para os carnívoros.  Assim, os primeiros momentos trazem alguma dificuldade para mim por enquanto, contudo após alguns anos a situação tomaria outra forma, como veremos no próximo tópico.

            VI) Dispersão dos Animais pelo Mundo

 

            Na tréplica o foco da discussão mudou, contudo vou ater-me ao assunto do tópico com citações de livros de Biologia, que estarão em verde escuro, e auxiliam muito na compreensão de por que não é necessário um tempo absurdo para a dispersão dos animais por todo o planeta.  Depois vou comentar sobre o emprego científico do criacionismo e do evolucionismo.

           

            Voltando ao assunto que você começou a discutir no tópico II, é realmente improvável que todas as espécies hoje classificadas de animais tenham sido colocadas na Arca.  Contudo, eu não acredito que um único casal de felinos foi capaz de originar todos os felinos hoje existentes, mas sim que pelo menos 2 tipos de casais pudessem estar presentes, um de pequenos felinos e outro de grandes felinos, ou até alguns mais.  Como já foi abordado no tópico II, há um grande grau de parentesco entre as espécies de felinos.  E como eu já disse, os animais poderiam ser ainda filhotes e terem hibernado, não necessitando de muita comida nesse período (ver tópico V).

 

Agora, aqui vou responder à questãoComo os animais específicos de cada região foram chegar até lá?”. No livro VIDA – A Ciência da Biologia (2002), capítulo 57 – Biogeografia, pg 1007, está escrito:

“Explicar a distribuição das espécies parece uma tarefa simples porque o questionamento do porquê uma espécie é ou não encontrada em um determinado local tem apenas umas poucas respostas possíveis:

- Se uma espécie ocupa uma determinada área, ou ela evoluiu nesse local ou evoluiu em outro e dispersou para essa área.

- Se uma espécie não é encontrada em uma determinada área, ou ela evoluiu em outro local e nunca dispersou para essa área, ou já esteve presente nela mas já não vive mais aí.

Infelizmente, a determinação de qual dessas respostas está correta não é nem um pouco simples.”

 

Portanto, a Teoria da Evolução também tem dificuldade em explicar essa questão, apesar de possuir dois grandes aliados: o tempo muito maior, e o surgimento de espécies bem diferentes em diversos locais.  No criacionismo, o tempo é bem menor (uns 5.000 anos, já que a dispersão ocorre até hoje), e todos os animais vertebrados terrestres teriam como local de origem um só ponto, a Arca de Noé.  Não obstante, os dois princípios do livro VIDA aplicam-se ao criacionismo, pois sabemos que por evolução podemos considerar apenas os processos micro-evolutivos, capazes também de originar novas espécies, de modo bem mais modesto e limitado ao material genético.

Mesmo com a boa vantagem da Teoria da Evolução (obviamente, considerando viáveis todos os processos macro-evolutivos e uma idade antiga para o planeta), a dispersão ainda pode ser explicada no criacionismo, no geral, por mecanismos bem conhecidos esclarecidos a seguir.

 

            Antes, vamos elucidar alguns pontos.  Primeiro, não precisaria ter ocorrido uma migração maciça de milhares de quilômetros, mas uma viagem bem lenta (20km por ano, ver tema C do Tópico I e algo nos Tópico II e III), entre algumas gerações, seria possível de explicar a dispersão pelo mundo todo.  Existe diferença entre os termos migração e dispersão, e eu mesmo fiz confusão nos dois textos anteriores.  A migração normalmente está relacionada a alguma alteração ambiental periódica, com até populações inteiras de animais para locais distantes ou mesmo próximos.  A dispersão ocorre em qualquer época e envolve freqüentemente alguns indivíduos, em busca de novos ambientes.  Veremos que essa é a forma principal para explicar a distribuição mundial dos animais.

Segundo, sobre a dispersão, basearei os argumentos em princípios biológicos que permitem com facilidade a distribuição por boa parte do mundo em poucas centenas de anos.  Basicamente será uma repetição de minhas palavras nos outros textos, melhor embasadas.

 

As populações em um novo ambiente tendem a crescer exponencialmente até se aproximar de sua capacidade de suporte, quando então a taxa de crescimento desacelera.  Enquanto isso, indivíduos procuram outros ambientes até superá-los, e assim por diante.

O VIDA diz:

“Todas as populações têm o potencial para um crescimento explosivo porque à medida que o número de indivíduos na população aumenta, o número de novos indivíduos adicionados por unidade de tempo é acelerado, mesmo que a taxa de crescimento populacional per capita permaneça constante. Essa forma de crescimento explosivo é chamada de crescimento exponencial.”

O livro Biologia de Cesar e Sezar (1992), volume 3, Capítulo 23 – A Dinâmica das Populações, pg 242, contém uma curva de crescimento desse tipo, comum em vários livros, em que após alcançar o limite do ambiente, a população oscila nas proximidades desse limite.  A maioria das populações está atualmente nessa última fase, mas ocorrem com freqüência casos de um ser vivo chegar a um novo ambiente e colonizá-lo rapidamente.  A Dinâmica de Populações não é um assunto simples, possui muitas variáveis e gera surpresas a todo momento, como sabemos pela dificuldade em se interferir nos ambientes naturais.

Crescimento exponencial implica um número imenso de indivíduos em algumas gerações.  Assim, partindo de um casal teremos mais de 700 animais em 10 gerações, o que equivale a muito menos de 100 anos para a maioria dos casos, levando a uma grande população rapidamente até que se alcance a capacidade do ambiente.  Contudo, mesmo antes de ocorrer uma superpopulação, os animais dispersariam para novos ambientes, como vemos pelos seguintes trechos:

“Uma resposta comum dos animais às mudanças ambientais (superpopulação, falta de alimentos, novos predadores, alteração no clima,...) é a dispersão – deslocamento para outro hábitat. Se a qualidade do hábitat diminui muito, os indivíduos podem ser capazes de aumentar a sua sobrevivência e sucesso reprodutivo mudando-se para outro lugar.”

- VIDA, Capítulo 54 –Ecologia de Populações, pg 967.

“Em algum período de suas vidas, todos os organismos dispersam. Alguns, tais como plantas e animais sésseis, dispersam como ovos, larvas, esporos ou sementes.  Outros, tais como insetos e aves, dispersam principalmente quando adultos.  Ainda outros podem dispersar durante vários estágios diferentes.  Os indivíduos de algumas espécies podem mudar de local muitas vezes durante suas vidas em resposta a mudanças ambientais. Outros permanecem no primeiro local onde se estabeleceram.”

- VIDA, mesmo capítulo, pg 968.

“As populações possuem uma tendência para se dispersar e se espalhar em todas as direções até que sejam impedidas por alguma barreira. Dentro desta área, os membros da população podem ocorrer ao acaso (o que raramente acontece), podem distribuir-se mais ou menos uniformemente por toda a área (o que ocorre quando há competição ou um antagonismo que os mantêm afastados) ou, mais comumente, podem ocorrer em pequenos grupos ou agregados.”

- Claude A. Villee, Biologia (1979), Parte 8 – Ecologia, seção 35-3, pg 741.

“Embora cada comunidade possa conter centenas ou milhares de espécies de vegetais e de animais, a maioria delas é relativamente sem importância e apenas algumas têm um papel maior na comunidade devido ao seu tamanho, número ou atividade. Nas comunidades terrestres estas espécies maiores são geralmente vegetais, pois produzem tanto alimento quanto fornecem abrigo para muitas outras espécies.”

- Villee, Biologia, mesma parte, seção 35-4, pg 741.

 

Com tais dados podemos notar que o tempo necessário não é extenso, pois se a população cresce exponencialmente em novos ambientes e em poucos anos dispersa, para se preencher toda a Terra, um ambiente vasto e vazio logo após o Dilúvio, não deve levar mais que 2000 anos, na pior das hipóteses.  Com um afastamento da origem de cerca de 10km por ano (pouco), em 2000 anos preenchemos o mundo todo. Sem considerar a pequena duração das gerações para a maioria dos animais, o que proporciona muito mais indivíduos para a dispersão.

 

César e Sezar (1992) volume 3 descreve uma experiência, no capítulo 23 – Dinâmica de Populações, pgs 244-5, feita pelo americano JT Emlen com camundongos em algumas situações distintas. Os resultados evidenciaram:

“Na situação de espaço ilimitado e alimento limitado aumenta a taxa de emigração, estabilizando a população sem diminuir a natalidade”.

As condições pós-diluvianas recentes eram exatamente essas, um espaço amplo e sem grandes competidores ou predadores, enquanto as populações saturavam os ambientes algumas gerações depois de chegarem.  Algumas gerações não somam 100 anos para a grande maioria dos animais.  Também já vimos em Villee, pg 741 (acima), que a vegetação é geralmente a parte mais importante das comunidades terrestres, e essa já estava presente parcial ou no total quando os animais chegaram, sem a necessidade da presença destes para a existência de tais comunidades.

 

O estudo da colonização de novos ambientes é prejudicado pela dispersão atual pelo planeta todo, e há poucas áreas livres para onde os animais poderiam dispersar e serem observados.  Há, contudo, algumas alternativas.

Uma das formas de estudar essas condições é através da sucessão ecológica, a colonização de um ambiente por seres vivos em uma seqüência conhecida.  Um exemplo é o do Lago Michigan, que ao se tornar menor formou dunas de areia sucessivamente mais jovens, permitindo o estudo. “As dunas mais jovens, próximas ao lago, são habitadas apenas por gramíneas e insetos; as seguintes por arbustos (...), seguidos pelas coníferas e finalmente pela comunidade-clímax de faias ‘beech-maple’, com um solo rico e profundo repleto de minhocas e caracóis.” Também formaram-se lagos menores, que se tornaram pântanos, depois região seca com arbustos e por fim a comunidade clímax.  A sucessão completa ocorreu em cerca de 150 anos. (Villee, Biologia, Parte 8 –Ecologia, seção 35-5, Sucessão nas Comunidades, pg 742).

Mesmo livro e página: “Outro exemplo dramático de sucessão de comunidades começou em 7 de agosto de 1883 quando ocorreu uma explosão vulcânica na Ilha Krakatoa do arquipélago indonésio, fazendo com que parte da ilha desaparecesse. O que restou foi coberto com cinzas vulcânicas de alta temperatura até a uma profundidade de 60 metros, sendo toda a vida dizimada. Um ano mais tarde já foram encontradas na ilha algumas gramíneas e apenas uma aranha. Já em 1908, 202 espécies de animais residiam na ilha. Este número aumentou para 621 espécies em 1919, e para 880 espécies em 1934, quando uma jovem floresta já existia numa parte da ilha.” Perceba que neste exemplo a floresta ainda precisou se formar, e mesmo assim foram apenas 50 anos.

No livro VIDA, Capítulo 55, Ecologia de Comunidades, pg 987, tem o exemplo da seqüência de mudanças que seguiram a retração de uma geleira na Glacier Bay, Alasca. Através da análise de diferentes depósitos de cascalho foi possível inferir o padrão temporal de sucessão. Esse exemplo compara apenas os vegetais, passando por bactérias, fungos, liquens, musgos, ervas, salgueiros arbustivos e coníferas. Em 150 anos chegou-se a florestas de abetos-vermelhos (alguma árvore).  “Se o clima local não mudar dramaticamente, uma comunidade de floresta dominada por abetos-vermelhos provavelmente persistirá por muitos séculos na Glacier Bay.”

O exemplo mais lento que encontrei foi o de sucessão em desertos, com até alguns milhares de anos (se bem que é impossível medir! Pode ser bem menos, afinal hoje em dia o Sahel está aumentando sobre o Saara.).

 

Todos esses exemplos aplicam-se no caso de processos naturais, explicando as espécies “nativas” em cada região.  Contudo, ao considerarmos a influência do Homem podemos conseguir uma situação ainda mais propícia para a distribuição das espécies, e devemos rever o conceito de “nativo”.  Na época do descobrimento da América havia muitas espécies nativas, e não conhecemos todas as trazidas para cá desde então.  Há também as épocas anteriores, em que com certeza já havia algum contato, mesmo que esporádico ou único, com outros povos, e as espécies trazidas por eles seriam por nós consideradas nativas da América.  Uma situação bem complicada, diga-se de passagem, mas também não necessária para explicar a maioria dos casos, como veremos.

            Existem no Brasil, há menos de 500 anos, vários animais como pombas, cães, gatos, cavalos, pardais, gado, galinhas, e outros, já espalhados por todo o país há algum tempo. De plantas, temos não nativas cana, coco, manga, banana, tamarindo e laranja, dentre outros, que também existem por todo o país. Outros povos, especialmente do Primeiro Mundo, devem considerar muitas dessas plantas como nativas do Brasil, e até muitos brasileiros não acreditariam.

           

            Essas informações por si só respondem satisfatoriamente, se refletirmos a respeito, à pergunta do terceiro parágrafo deste tópico.  Talvez alguns casos isolados sejam difíceis de explicar, e isso ocorre também na Teoria da Evolução, como pode ser visto no Capítulo 57 do livro VIDA, de onde foi retirada a primeira citação do tópico.  Não obstante, vou abordar mais diretamente a questão, retomando conceitos de outros tópicos e dos textos anteriores.

 

            - Como os animais específicos de cada região foram chegar até lá?

 

Os animais (aves, répteis e mamíferos) dispersaram a partir das proximidades do Oriente Médio para várias direções.  Contudo, por acaso ou por barreiras específicas para cada espécie, alguns animais foram apenas para determinadas regiões e não para outras, enquanto outros podem ter se diferenciado bastante em um local e não ter mais dispersado, e outros podem ter se espalhado e então se extinguido por falta de alimento, predadores ou pelo Homem (que já acabou com muitíssimas espécies sozinho).  Esses fatos estão de total acordo com o pronunciamento do livro VIDA (ver a primeira citação deste tópico).

Dessa forma se explica a semelhança entre os animais que vivem em ambientes próximos, ou seja, eles se afastaram da origem e a população foi se alterando no caminho por alguma seleção ou aleatoriamente e por diferenciação. A diferença entre os animais distantes tem o mesmo princípio, ou seja, aqueles que dispersaram para um ambiente eram diferentes dos que foram para outro ambiente.  Se foram animais semelhantes para o mesmo ambiente, eles podem ter sido extintos no caminho ou se diferenciado de formas diferentes em diversos locais, como as emas sul-americanas e os avestruzes africanos.  Aliás, para essas aves não se pode considerar a evolução em local semelhante, pois quando surgiram as aves os continentes já estavam separados (segundo a Teoria da Evolução), e é impossível ocorrer, até para essa Teoria, uma evolução tão milagrosa a ponto de formar parentes de mesmos ancestrais répteis.  Por isso, mesmo para tal Teoria a única explicação para a semelhança entre avestruzes e emas é um ancestral comum (ave semelhante a elas e não um réptil) que se dispersou para a África e a América do Sul, exatamente a forma de distribuição que quero demonstrar.

Portanto, é perfeitamente possível tal consideração no criacionismo. A discussão do Tópico II pode ajudar bastante, assim como no Tópico III, com um exemplo não muito característico mas detalhado. O tempo não é um entrave, como pode ser observado em toda a discussão anterior nesse tópico e nos tópicos I (temas B e C), II e III. Houve animais de sobra até hoje para ocorrer essa dispersão.

Ao conseguirmos uma explicação geral, os problemas remontam a exemplos específicos, também existentes na Teoria da Evolução, embora certamente nessa generalização as respostas sejam mais fáceis para a maioria dos casos (não sendo, contudo, condizentes com os mecanismos genéticos conhecidos, como já discutimos sobre macro-evolução no tópico II).

            De tal maneira, capivaras, tamanduás, cangurus, e outros animais mais específicos e com raros parentes em outros locais, são, para mim por enquanto, difíceis de explicar.  Creio a resposta estar vinculada à dispersão específica, extinção e micro-evolução. As capivaras, por exemplo, existem por toda a América do Sul e Central, e na pré-história viviam no sudeste norte-americano (Enciclopédia Delta Universal, termo “Capivara”). São parentes próximos de roedores como os castores, e poderiam ter se diferenciado de roedores semelhantes que possuíssem bagagem genética para capivaras, mas por seleção tais animais não formavam populações.  Ao chegarem em um ambiente propício (como o Sudeste Norte-Americano), tal população pode ter se desenvolvido e dispersado.  Essa hipótese é só uma conjectura, e precisaria de uma forte base como possibilidade de surgirem esses grandes roedores de algum tipo de roedor menor mais comum.  Essa “micro-evolução” é até comum na Natureza, mas não sei se tal experiência já foi realizada, ou mesmo se ainda existem tais animais que poderiam estar extintos, ou se há outra possibilidade, apenas mostro existirem hipóteses aceitáveis.

           

            Como os autores do livro Vida – A Ciência da Biologia bem disseram no capítulo 57 – Biogeografia, transcrito no início deste tópico, não é fácil explicar a distribuição atual das espécies.  Espero ter ajudado na compreensão dos meios naturais de dispersão, e peço para os céticos quanto às idéias apresentadas estudarem Ecologia em livros de Biologia, com outros exemplos interessantes e um melhor entendimento da plausibilidade das hipóteses. O referido Capítulo 57 – Biogeografia é muito interessante, e outros termos bons para procurar são: sucessão ecológica, dinâmica de populações, dispersão e migração, ecologia de populações e de comunidades, genética de populações, dentre outros.  Para animais específicos, procurá-los em enciclopédias ou livros de Zoologia, com seus parentescos próximos e distantes. Sem o devido estudo, nada parecerá fazer sentido.

 

            Finalizando esse tópico, vejamos seus comentários sobre a Ciência e o criacionismo, assim como sobre a Ciência e o evolucionismo. Meus argumentos somam-se aos da introdução e dos tópicos I, II, IV e VIII relacionados ao assunto.

Nesse tópico deveríamos discutir a dispersão dos animais pelo globo, e gostaria de seus comentários a respeito desse conteúdo, e não mais explanações sobre o criacionismo e a ciência.  Já falei da ciência não estar vinculada à Evolução.  Praticamente nenhum conhecimento atual precisa da evolução para se desenvolver.  Se ficar indignado, comecemos um novo tópico, e você cita quais avanços foram possíveis, e então eu vou comentá-los. O fluxo das descobertas segue uma direção oposta à sua opinião, ou seja, elas são na verdade usadas para tentar explicar a Evolução, e não surgem diretamente do conhecimento de uma Terra de milhões de anos.  Seria ilógico esperar uma explicação teórica para dados não conhecidos e apenas depois iniciar as pesquisas. Os pesquisadores até podem acreditar na Teoria da Evolução, e isso não interfere em nada para a grande maioria das pesquisas existentes. As poucas que dependem estão vinculadas a descobrir os processos macro-evolutivos, e podem até auxiliar em outras descobertas, sem qualquer relação com Evolução (no caso, macro-evolução).

Gostaria de saber quais pesquisas foram feitas exaustivamente para desacreditar o criacionismo? O que temos hoje é uma dificuldade do evolucionismo para explicar algumas coisas, então a hipótese criacionista deve ser reavaliada.

A grande maioria dos primeiros cientistas era criacionista, e suas pesquisas foram realizadas sob esse paradigma. Eles não observavam astros em evolução, mas sim astros que foram criados por um Criador bem definido, e chegaram a conclusões que não foram em nada desfeitas pela Evolução.  Só mudou a suposta origem. As pesquisas químicas e biológicas visavam entender a Criação, e os resultados também não foram alterados em nada quando se passou a considerar que a vida e os organismos surgiram de ancestrais remotos e muitíssimo diferentes. Também foram cientistas criacionistas (não bíblicos) chineses, árabes, e de outros povos que lançaram as bases de muitas ciências atuais. Dizer que só a Evolução proporciona as respostas não é apenas insensatez, trata-se de preconceito.

            Não vou me alongar nessa discussão sobre suas opiniões, inclusive a respeito de o criacionismo não explicar nenhum dado da natureza. Basta estudar História da Ciência e conhecer um pouco de biologia atual para perceber que há explicações sim, e sob o paradigma criacionista foram baseadas quase todas as ciências. Quem duvidar, no mínimo leia o todo desse debate e vá estudar mais.

 

            VII) Estruturas Vestigiais, Ontogenia, Evolução Celular

 

            Nesse tópico ficaram reunidos diferentes assuntos, mas ao menos um pouco relacionados, e a exposição seguirá a ordem de seus comentários na tréplica.

 

A sobra ou falta de função é com relação ao organismo como um todo, e não a órgãos isolados, incapazes de sobreviver sozinhos.  Isso estava claro no texto e no contexto.  Contudo realmente eu não sei como detectar uma falta de função.  Pergunte para os evolucionistas, que já detectaram falta de função no apêndice cecal, no cóccix, nos “arcos branquiais”, cauda e pêlos durante o desenvolvimento, em 95% do DNA humano e em 90% do cérebro.  São experts nesse assunto.

(Cesar e Sezar volume 3, 1992, e Villee, 1979, contém os “órgãos vestigiais” nas páginas  158 e 689-93 respectivamente, enquanto o VIDA (2002) cita apenas o apêndice cecal na página 902.  Esse seria um vestígio do ceco dos herbívoros que têm a função de digerir celulose. Contudo, os herbívoros aparentemente também têm um apêndice cecal - ver figura 50.10, pg 895, no fim do ceco do coelho - e que nem é comentado sabe-se lá por quê.  Além disso, o ceco dos herbívoros digere celulose, enquanto o apêndice humano tem função imunológica. Ainda mais, em uma coleção de 2 volumes chamada O Corpo Humano, de Fritz Kahn, publicada em 1966, não cita órgãos vestigiais apesar de o autor ser evolucionista, e no volume 1, pg 366, explica com maestria a função imunológica do apêndice cecal. Por que os livros de Biologia posteriores ignoraram esse fato, sem qualquer correlação com digestão como deveria ser um resto de ceco? Verificar a função das outras estruturas em Anatomia, Fisiologia e Embriologia atuais.  Para o uso de apenas 10% do cérebro ver Scientific American – EUA, volume 290, número 6, Junho de 2004, pg 86, melhor comentado no tópico II.  Já o “lixo” genético – restos da evolução – não é mais lixo, e ainda é mais novo no material genético, seguindo a linha filogenética segundo o evolucionismo, que o DNA codificador de proteínas – ver Scientific American Brasil número 30, Novembro de 2004, pg 54.  Algumas referências extras no fim da Terceira Parte, nas referências por tópicos).

 

Os vestígios estão cada vez mais raros, deve ser a evolução agindo e nos fazendo usar o que antes era inútil.

            No modelo criacionista, não esperaríamos, a priori, qualquer estrutura sem alguma função, talvez até acelerando as pesquisas sobre as funções dessas citadas e outras. Portanto as previsões do criacionismo foram acertadas, enquanto as do evolucionismo foram aleatórias.

 

            Ainda nesse assunto, dizer que existem ou não órgãos vestigiais ficou muito vago, realmente.  Vamos então partir à discussão do que é ou não vestigial.  Primeiro pela definição do que seria vestigial, segundo o livro Vida – A Ciência da Biologia, Glossário:

 

            Vestigial (Latim vestigium: pegada, rastro): os restos de estruturas corpóreas que não são mais de valor adaptativo para o organismo e, por essa razão, não são mantidas pela seleção”.

 

            Sabemos que a seleção não ocorre em milhões de anos, e como é freqüentemente observada, pode ocorrer em poucos anos. Agora podemos discutir suas dúvidas.

 

            Para que servem os pêlos do corpo humano?

            Eles têm praticamente a mesma função que nos outros animais, apesar de menos importante.  Procurando em livros de Biologia, Anatomia, Fisiologia e até Patologia encontrei algumas das funções desses anexos cutâneos.  Antes, é preciso considerar a diferença regional dos pêlos, mas todos têm funções semelhantes, como:

-         Proteção nas áreas de orifícios e olhos.

-         Auxílio no tato, pois os folículos pilosos têm rica inervação. Antes de algo chegar à pele, é possível sentir pelo contato com os pêlos.

-         Conservação da temperatura por 2 mecanismos: o eriçamento dos pêlos segura uma camada de ar quente próximo à pele, enquanto os músculos eretores pressionam glândulas sebáceas que aumentam o isolamento.  Todos os folículos pilosos contêm músculos eretores do pêlo e glândulas sebáceas associadas, e a raspagem dos pêlos não impede o mecanismo de agir.  Contudo, para a camada de ar não sabemos se uma pequena quantidade de pêlos já ajuda na proteção, apenas com uma pesquisa por termômetros próximos à pele poderíamos verificar as variações de temperatura em diferentes pessoas e locais.

-         Isolamento e proteção da pele através da secreção das glândulas sebáceas, impedindo o ressecamento, e tais glândulas estão em associação com os folículos pilosos.  (mesmo as pessoas sem pêlos aparentes têm pêlos minúsculos e a estrutura dos folículos pilosos).

-         Os pêlos axilares e pubianos suavizam a fricção causada durante a marcha e nos movimentos gerais das pernas e braços, juntamente com a cera produzida.

-         Os cabelos protegem a cabeça do calor excessivo e impedem o aquecimento do cérebro, o que poderia causar problemas funcionais.

 

No livro Robbins – Patologia Estrutural e Funcional (2000), capítulo 27 – A Pele, pg 1048, diz: “Folículos pilosos contêm depósitos protegidos de células primordiais epiteliais capazes de regenerar as camadas superficiais da pele que sofreram ruptura em conseqüência de uma variedade de agentes externos e internos hostis”. Uma função inesperada, por assim dizer. Creio que outras funções ainda podem ser imaginadas e verificadas.

Lembremos que nem todas as estruturas existentes no corpo devem existir apenas para fins funcionais, e algumas talvez existam apenas para fins estéticos, como a grande variedade de cabelos existentes.  E nem todas as estruturas têm funções cruciais para a vida.

Algumas das funções de certos pêlos, especialmente as relacionadas com o seu comprimento e espessura, não são mais importantes para nós, que podemos nos vestir conforme o clima. Contudo, podem ter sido importantes nos nossos ancestrais, com poucas possibilidades de vestimentas ou ao migrar para locais em que tais anexos tivessem alguma importância maior.  Um exemplo semelhante seria o da cor da pele, e para mais detalhes e compreensão ver o Tópico I, tema B. Sem grande valor adaptativo, a seleção deixou de atuar de modo extenso sobre essa característica.  “Ora, então se trata de uma estrutura vestigial! Isso prova a Evolução!”, poderiam clamar os mais afoitos.  E é verdade. Uma estrutura vestigial de nossos antepassados de até 5 mil anos atrás, e não centenas de milhares. E prova a micro-evolução, ou alteração na freqüência de genes e não alteração nos genes em si.  Absolutamente compatível com o criacionismo.

            Se restarem dúvidas, aconselho primeiro o estudo em bons livros, como sempre.

 

            Pode me dizer, afinal, para que servem os 4 dentes molares do fundo de nossas bocas? Muitas pessoas sequer os têm! Eu, pelo menos, que tenho 32 dentes, não vejo vantagem alguma sobre as pessoas que só têm 28.

            A resposta é semelhante à dos pêlos. Os dentes molares servem para triturar a comida, e sabemos que nossa alimentação hoje em dia não exige muito esforço dos dentes (em compensação exige demais do estômago, intestino, fígado, pâncreas,...).  Eles crescem pelo estímulo constante e são moldados durante a vida, o que permite geralmente a perfeita oclusão, e a falta de estímulo pode retardar ou mesmo não permitir a erupção destes últimos dentes molares, que naturalmente já nascem entre o 17º e o 24º ano de vida.

            Os 4 últimos dentes molares (do siso) não são necessários para a mastigação, mas sim auxiliares, e dificilmente alguém sem eles vai sentir alguma desvantagem óbvia, ou quem os têm vai se sentir em qualquer vantagem. Por isso mesmo não há grande ação seletiva sobre eles, ao menos atualmente. No caso de serem necessários para uma melhor trituração, o maior problema possível com sua ausência seria uma má-digestão, nada digno de ser selecionado em uma população humana.

            A ausência de tais dentes também pode ser uma característica variável de acordo com a etnia. E veja só, podem ser considerados vestígios de nossos antepassados assim como os pêlos, e provam a evolução! Com as mesmas ressalvas. Entretanto não são de forma alguma inúteis.

           

               Mudando de assunto, vamos agora falar do Milagre da vida.  Com relação à recapitulação filogenética na embriogênese, eu só poderia dizer que seres parecidos têm desenvolvimento parecido. Isso é lógico, e só demonstra semelhança, e não qualquer parentesco evolutivo, o que poderia no máximo sugerir.  Pouca gente percebe, contudo, que essa idéia evolucionista necessita que o início dos embriões seja semelhante, quando na verdade eles começam diferentes e depois se tornam parecidos, como será abordado adiante. É o mesmo raciocínio do DNA “lixo”, que após análises desconfia-se que ele apareceu tardiamente na escala evolutiva, quando o esperado era estarem logo no início, uma vez que já foram descartados (ver acima, neste tópico).

            Ainda mais, o milagre da vida do desenvolvimento embrionário está totalmente codificado no DNA da primeira célula, enquanto não foram descobertos até hoje os mecanismos capazes de gerar novo, diferente e funcional material genético.  São milagres diferentes.  A embriogênese é um milagre explicável, a evolução orgânica não.

            Divagando um pouco, temos um assunto bem interessante a tratar sobre a ontogenia. Se você quiser, pode mesmo voltar aos bons tempos (das fraudes) de Haeckel, pois seria bem mais fácil acreditar na Evolução com todos os argumentos inventados até hoje para explicá-la, como pudemos ver com muitas das estruturas vestigiais e outros assuntos diversos (não vou entrar em detalhes, nas referências irei citar os livros criacionistas com os dados, e que possuem referências na Science, Nature, entre outras, e que sabe-se lá por que não são bem divulgados).

            Li na Revista Criacionista número 70 (editada pela Sociedade Criacionista Brasileira), 1º semestre de 2004, artigo “Improbidade Científica dos Livros-Textos de Biologia”, pgs 49-50, que recebi de brinde por comprar alguns livros, sobre os embriões de vertebrados e os desenhos de Haeckel. Fala das distorções realizadas para adequar os embriões às idéias evolucionistas, enquanto alguns desenhos foram totalmente inventados afim de os estágios iniciais ficarem parecidos entre si. Encontrei a mesma informação nos livros Evolução – Um Livro Texto Crítico e Em Busca das Origens – Evolução ou Criação?, editados pela mesma Sociedade.  Como bom leitor, tomei duas iniciativas que todos os criacionistas e evolucionistas deviam tomar: olhei as referências e pesquisei em locais acessíveis e confiáveis (não que tais obras criacionistas não sejam confiáveis, mas duvido que algum evolucionista vá acreditar nisso). Algumas referências do artigo eram: Elizabeth Pennisi, “Haeckel’s Embryos: Fraud Rediscovered”, Science 277 (1997): 1435; James Glanz, “Biology Text Illustrations More Fiction Than Fact”, The New York Times, 8 de abril de 2001, p. 18; e livro de Jonathan Wells, Icons of Evolution: Why much of what we teach about evolution is wrong, (Washington, DC: Regnery Publishing, 2000), capítulo sobre “Haeckel’s Embryos”, p. 81-109. No artigo tem uma foto dos embriões retirada de Richardson et al (1998) Science 280, 983-986, que pode ser comparada com os livros antigos ou errados de Biologia.  Quando fui procurar, encontrei os desenhos (não fotos) nos livros de Villee (1979) e César e Sezar (1992). Contudo, no livro Vida – A Ciência da Biologia (2002), cujos autores são ferrenhos evolucionistas, não há qualquer referência aos embriões de Haeckel, nem um desenho ou foto. Realmente esse deve ser um bom livro! Mas poderia ter pelo menos uma nota de contestação...

            Mais fundo no assunto, as obras criacionistas referidas também citavam a diferença no princípio dos embriões, quando são poucas células.  Confirmei no VIDA, nas páginas de 756 a 767, que esse início é realmente diferente para as diferentes classes de vertebrados, e com o desenvolvimento eles ficam semelhantes, para depois ficarem novamente diferentes. Portanto a ontogenia não recapitula e nem ajuda em nada a Evolução, pois o começo do começo, que deveria ser o mais igual, é o mais diferente. Mais interessante foi verificar os diferentes passos do desenvolvimento em cada classe de vertebrado num mesmo livro com as figuras de Haeckel e afirmando ser a semelhança entre os embriões uma evidência da Evolução! (no caso, o Biologia de Claude A. Villee, mas outros devem fazer o mesmo). Encobrindo a Ciência para ficar com a Teoria...

           

            Adentrando outro assunto, suas palavras na tréplica foram:

 

            Temos a evidência clara da similaridade entre as estruturas fundamentais de todos os seres vivos de nosso planeta, temos a evidência da progressão do registro fóssil em acordo com a escalada evolutiva, (os fósseis mais antigos são os de seres mais primitivos), e temos a simples divisão celular para mostrar que uma célula pode se tornar duas.

 

            Esse parágrafo pode gerar um debate à parte, vamos evitar. A primeira evidência também pode sugerir um mesmo criador, ou melhor, sugerir um plano de construção estável. De outra forma não seria possível a organização existente e a inter-relação entre as espécies.

            A segunda evidência parece mais um caso de raciocínio circular (sei do seu conhecimento sobre essa “falácia”, então prefira comentar os argumentos em si). A Evolução é quem diz que os fósseis mais antigos são de seres mais primitivos.  Por que um réptil é mais primitivo que uma ave? Não vejo motivo, senão o raciocínio circular: eles estão mais abaixo, então são mais primitivos.  Uma vez que eles são mais primitivos, deveriam estar mais baixo.  Então tudo se encaixa! Perceba que a “escalada evolutiva” foi construída em cima da “progressão” do registro fóssil, então como essa poderia provar aquela? Para tal discussão precisaríamos saber qual é a referência para as datações radiométricas.  Sem referência concreta, elas são quase como que aleatórias. Sinceramente eu conheço muito pouco sobre as datações, e estudarei futuramente esse assunto, mas gostaria de saber de tais referências.

            No criacionismo os fósseis também se encaixam perfeitamente, pois os seres mais densos estão nas camadas mais inferiores, como é previsto no processo de Liquefação, explicado também com a Teoria das Hidroplacas (www.creationscience.com), e por outros processos explicados em “Em Busca das Origens – Evolução ou Criação?”, que ainda não li. Já discutimos muita coisa, então vou deixar os fósseis para futuras Partes desse debate. Também para ter tempo de estudar melhor.

            A terceira evidência eu não entendi, só sei que não existe “simples” divisão celular. Esse é um processo muitíssimo complexo, considerado às vezes como uma caracterização da vida.

 

            Sobre a origem da multicelularidade, transcreverei suas palavras:

 

Insisto em minha elucubração anterior. De um ser Unicelular para um Pluricelular, bastaria que uma divisão reprodutiva fosse de algum modo detida, gerando um ser bi-celular. Querer levatar mil e em empecilhos para uma hipótese tão simples me parece nada produtivo. Teríamos bilhões de anos para ocorrerem todas as variações que podemos constatar hoje.

 

            Sua hipótese da divisão é simples, mas não respeita as leis que existem. Para um ser multicelular é necessário reconfiguração genética e não um simples problema de replicação. Se tal modelo não puder ser observado ou ao menos teorizado, não pode ser considerado com tanta liberdade. Não é questão de tempo para as variações.  A seleção atua sobre variações existentes, e tal exemplo necessita de NOVA informação genética, e não variação na já existente. Seria necessário já existir a variação “multicelular” e essa ser mais vantajosa para a Seleção atuar positivamente. O surgimento desse material genético novo, diferente e funcional não tem qualquer explicação satisfatória, e na Teoria da Evolução se consideram normalmente mutações neutras ocasionais para tal surgimento. Contudo esse meio também é incapaz de explicar sem muitas objeções. O livro Evolução – Um Livro Texto Crítico aborda tais objeções de modo didático e claro na Parte IV.  Evitando divagações, vou me fixar na sua elucubração.

            Procurei no livro VIDA alguma explicação para a origem de seres multicelulares, e não encontrei nada. Entre outras, encontrei citações na página 262 (capítulo Expressão do Genoma Eucarioto): “A presença de mais de uma única célula adiciona um novo nível de complexidade ao genoma” e “Além de sobreviver, crescer e dividir, como os organismos unicelulares fazem, os organismos multicelulares devem ter genes para manter as células unidas e formar tecidos, para diferenciação celular para dividir tarefas no organismo e para comunicação intercelular para coordenar suas atividades”.

            Seguia-se um exemplo do nematódeo Caenorhabditis elegans de 1mm com 19.099 genes, 3000 destes para funções básicas de eucariotos e outros 2510 essenciais para multicelularidade, para funções como controle da transcrição, processamento de RNA, transmissão do impulso nervoso (canais iônicos com portão), formação de tecidos (colágenos), interações celulares e sinalização célula-célula, segundo a Tabela 14.3 na mesma página. Por menor que fosse o número de genes (vamos chutar longe, para apenas 2 genes), seria necessário além de tais genes surgirem por acaso, o processo de divisão celular ser interrompido no momento correto para a expressão deles.  Desconsiderando muitos outros problemas, como a fixação e seleção desses genes.

            Ainda na Evolução Celular, a passagem de procarioto para eucarioto também é um grandioso mistério (ver VIDA, pg 476-9), no qual nem vou adentrar por enquanto.

 

            Concluindo esse tópico diverso, eu havia falado da transformação de bactérias em outra célula seguinte no processo evolutivo. Como você mesmo disse, existe uma gradação no processo evolutivo, segundo suas palavras a “escalada evolutiva”. As células seguintes às bactérias poderiam ser protozoários, fungos e vegetais, como pode ser visto em qualquer esquema evolutivo, ou seja, as células eucarióticas.  Tais células só podem ter surgido de ancestrais procariotos, e as bactérias são o exemplo mais comum.  Ou seriam células com muitas variações possíveis em bilhões de anos, não podendo ser encaixadas em nenhuma classificação atual?

            As bactérias já sofreram talvez milhões de mutações induzidas e nunca “variaram” além de limites bem precisos. Aliás, esqueça minha idéia da transformação em célula seguinte.  Nunca ouvi falar ou li a respeito de bactérias se tornarem outros procariotos como arqueobactérias, micobactérias ou mesmo bactérias de outro gênero! Nem perto de uma transformação de magnitude tal capaz de formar um eucarioto.

 

            VIII) A Ciência e as Escrituras.  Conclusões

 

            O criacionismo não nega a existência dos seres vivos em uma base natural, e aceita as explicações da Ciência para a maioria dos dados existentes. Contudo, aqueles interpretados sob a generalização evolutiva de bilhões de anos podem ser interpretados sob uma generalização criacionista catastrofista de poucos milhares de anos.  Devemos nos concentrar na discussão dessas interpretações, e não na inviabilidade de uma “ciência criacionista” por ela precisar de um princípio sobrenatural.  Sei que podemos discutir isso para sempre e nunca chegar num acordo, então analise esses comentários juntamente com os finais deste tópico e com aqueles espalhados por outros tópicos, concentrando-se, no entanto, nos aspectos científicos de cada tópico.

 

            Os trechos que você tirou do meu Segundo Texto não estão tão próximos e sequer têm relação com Evolução, e eu nem tinha intenção de insinuar que todos os que não acreditam na Bíblia o fazem pelos motivos citados.  Você entendeu errado minhas colocações.

A discussão de Teologia é infindável, e muitas vezes inútil, pois crer em Deus é questão de fé e não razão.  As passagens que você cita devem ter sido mal-interpretadas.  Todavia, Deus poderia sim mandar matar muitos “inocentes” sem um propósito lógico para nós, afinal Ele conhece o coração de cada um e o futuro de todos. E algumas características aparentemente cruéis do povo judaico poderiam ser muito mais suaves que as de outros povos.  Contudo, apesar de povo escolhido, os judeus também eram humanos e erravam tanto quanto qualquer um de nós. A Bíblia mostra os exemplos a serem seguidos, com ênfase absoluta em Jesus Cristo, e os exemplos para não se seguir.

No seu segundo motivo para a rejeição da Bíblia, não vou mais discutir se o criacionismo invalida ou não a Ciência, veja pelo debate dos outros tópicos.

O homossexualismo ser ou não doença não interessa para os desígnios de Deus.  Um homicida pode ou não ter problemas mentais, um ladrão pode ser cleptomaníaco ou querer ganhar a vida fácil, um mentiroso pode ter uma compulsão ou apenas gostar de enganar. Bases naturais ou doenças não justificam o assassinato, o roubo ou a mentira, até mesmo de forma geral nas leis constitucionais. Contudo esse é outro tipo de discussão e não convém aqui. O mesmo vale para os exorcistas, variando muito mais de acordo com a mentalidade de cada um deles. Nem todas as pessoas que se julgam cristãs ou criacionistas seguem a Bíblia, e não devem ser tomadas como exemplos de conduta.  O único exemplo totalmente confiável é Jesus, até mesmo os outros personagens bíblicos eram humanos como nós e seus erros são mostrados, assim como, muitas vezes, seu sincero arrependimento.

 

Durante nosso debate, acredito que sua percepção deve estar um pouco melhorada a respeito do criacionismo.  Não nos baseamos apenas na Bíblia, e sim especialmente na Ciência para buscar a compreensão do que está descrito nela. O valor da Palavra de Deus é para o espírito e não para ser usado levianamente. Se algo descrito na Bíblia não pode ser compreendido em uma base natural, devemos buscar outras interpretações.  Contudo, o criacionismo suporta boa parte das histórias bíblicas e as explica bem, estando de acordo com grande parte dos dados científicos atuais, e essa é nossa discussão. Lembre-se por exemplo que as primeiras explicações geológicas foram feitas por criacionistas, e então aproveitadas pelas evolucionistas.

Mesmo utilizando a Ciência, no criacionismo bíblico as Escrituras são consideradas o alicerce ideológico da generalização criacionista, e como eu já havia dito nos textos anteriores, neste mesmo tópico, a Bíblia nos incita a desvendar os mistérios de Deus, alertando para a existência de mistérios que nunca serão desvendados. A Ciência se torna, para nós, uma grandiosa fonte para a compreensão da criação de Deus, e assim auxilia em uma busca cada vez mais profunda pelo próprio Criador, e admiração por Suas maravilhas. Não há qualquer oposição entre a Bíblia e a Ciência, como já discutimos nos textos anteriores.

 

Marcus, você está com muita fé na ciência.  Os méritos que você dá à Ciência na verdade foram conclusões de cientistas, pessoas humanas como nós, com uma opinião já definida, passíveis de erros, equívocos e até mesmo fraudes. É imprescindível distinguir Ciência de Cientistas. As conclusões científicas não podem ser consideradas verdadeiras e absolutas nunca, ou será um dogma sustentado por crença.  É necessário compreender como os métodos funcionam e como se chegou a tais conclusões, e toda refutação é válida, tanto no âmbito teórico como no empírico.  Já cansei de ouvir de meus professores da Faculdade de Medicina a forma como eram tratados certos problemas, de formas que hoje parecem estúpidas e eram apoiadas pela ciência.  Por outro lado, existem tratamentos que foram considerados absurdos por algum tempo e depois foram novamente testados e aprovados.  É difícil concluir que uma refutação foi definitiva sem uma base muito sólida para isso.

Deste modo, não queremos criar nenhum Armageddon, e sim demonstrar uma forma de interpretar os dados existentes em um modelo plausível e ainda mais consistente que o atual. E para esse fim também queremos estudar e desvendar cada vez mais os mistérios da criação de Deus. Não usamos a religião para conseguir tais respostas, mas sim a ciência, como pôde ser visto em todo o meu texto. Quando a ciência encontra um limite intransponível, como explicar nosso propósito nesse mundo, apenas a fé pode mostrar a resposta, que está em Jesus Cristo.

 

Antes de me despedir desta Terceira Parte, encontrei algo deveras interessante esses dias.  Estava procurando na internet sobre o que ocorreria no ano 2012 segundo o calendário Maia, algo que parece o fim do mundo ou o início de uma nova era, ocasionado por uma alteração no campo magnético da Terra, ou algo semelhante.  Meu interesse era nessa causa, para ser mais exato. Parece-me ser esse calendário um dos mais exatos dos povos antigos com relação a fenômenos astronômicos, então pensei poder tirar algo de útil dessa informação. Não procurei muito, achando apenas que o início do calendário Maia era no ano 3.113 a.C, mas não sei qual acontecimento o marcava. Pensei no Dilúvio, mesmo sendo esse normalmente datado de cerca de 2.500 a.C, e fiquei desapontado pois essa diferença poderia muito bem ser ocasional. Logo me veio à mente algumas palavras do início do Dilúvio:

“Sucedeu que, no primeiro dia do primeiro mês, do ano seiscentos e um, as águas se secaram de sobre a terra.” Gênesis 8:13

“Tinha Noé seiscentos anos de idade, quando as águas do dilúvio inundaram a terra.” Gênesis 7:6

Aparentemente os hebreus estavam utilizando como referência de datação histórica o nascimento de Noé, como hoje fazemos com o nascimento de Jesus Cristo. O ano zero não foi o Dilúvio, e sim o nascimento da pessoa mais importante no Dilúvio, muito mais condizente com a realidade, por assim dizer. Ora, segundo a Bíblia, todos os povos atuais só podem ter descendido de Noé, inclusive os Maias, e eles devem ter alguma “lembrança” de tal ancestralidade, o que observamos pela história de dilúvios existentes em quase todas as culturas, inclusive índios brasileiros.  Obviamente muitos povos podem ter perdido tal história por não a ter documentado.

Retrocedendo 600 anos em 2500 a.C., chegamos a 3100 a.C., bem próximo do início da datação Maia, bem menos chance de ser acaso.  Terão outros povos datação semelhante? E uma dúvida ainda mais importante: que acontecimento marca o início do calendário Maia? Quais os eventos próximos a essa data? Haverá alguma inundação global no ano 600? Eu gostaria muito de saber, e assim que tiver tempo vou procurar a respeito.  No mínimo interessante, não acha?

 

Marcus, esse debate tem me auxiliado muito na compreensão da Evolução e também do Criacionismo, agradeço intensamente esse seu espaço para minha exposição e nossa discussão.  Muitos dados novos foram colocados, muitas informações, e argumentos ainda mais consistentes com o conhecimento científico atual. Infelizmente já vi argumentações criacionistas bem fracas, capazes de desestimular os interessados e afastar os céticos de uma análise criteriosa. Espero que minhas palavras não tenham tal repercussão, e também por isso desejo que terceiros leitores tenham acesso a todo meu texto e não apenas à sua resposta. Indico uma olhada nas Referências, logo abaixo, para mais informações.

Demorei 6 meses para escrever essa Terceira Parte, fruto de muita pesquisa e raciocínio, e gostaria de sua parte, Marcus, uma análise profunda e sem pressa para a resposta. Minhas tarefas na Faculdade de Medicina aumentam a cada ano, então mesmo uma resposta rápida sua eu demoraria muito para analisar.  Peço encarecidamente uma leitura atenta de todo o texto novamente antes de preparar uma réplica final, verificando os dados científicos apontados. Ou dizendo com belas palavras:

 

Eu ficarei bem satisfeito se os

que quiserem me fazer objeções não

se apressarem e se esforçarem para

entender tudo o que eu escrevi antes

de me julgarem por uma parte: pois

o todo se sustenta e o fim serve para

demonstrar o começo.”

                                    René Descartes

(Letre à Mersenne – circa 1640)

apud Edgard Morin

O Método 1 – A Natureza da Natureza

(Epígrafe da tese de livre docência Teoria do Caos Aplicada à Medicina, apresentada à Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto pelo Prof. Dr. Moacir Fernandes de Godoy).

 

Mais uma vez me despeço com prazer,

 

Cordialmente,

 

Rafael Augusto Borges Pavani

São José do Rio Preto – SP, 29 de Dezembro de 2004

(revisado e finalizado até 08 de Janeiro de 2005)

rafaabpavani@hotmail.com

 

 

 

 

§       Referências Gerais.

 

Aqui estão as referências mais usadas e mais importantes no geral para a discussão, não retirando de forma alguma o mérito das referências exclusivas de cada tópico. Aquelas marcadas com * estão disponíveis na biblioteca da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (pública, então a biblioteca pode ser acessada por qualquer um), enquanto os + indicam as leituras recomendadas (por tópicos, dos assuntos abordados).

 

·                William K. Purves, David Sadava, Gordon H. Orians, H. Craig Heller. VIDA – A CIÊNCIA DA BIOLOGIA, 6ª Edição, Porto Alegre: Artmed, 2002, 1126 páginas.  Adquiri esse livro recentemente, e parece muito bom.  É bem ilustrado e atual, procurando basear todos os assuntos na Evolução.  Por ter esse esquema evolucionista de desenvolvimento dos temas e ser sensato, creio ser um bom livro para estudar a Evolução e contrastar com as medidas criacionistas como o livro seguinte.

·                *Reinhard Junker, Siegfried Scherer, EVOLUÇÃO – UM LIVRO TEXTO CRÍTICO, 1ª Edição, Editado pela SCB, 2002, 328 páginas.  Um grande livro editado pela Sociedade Criacionista Brasileira e à venda no site www.scb.org.br, analisa criticamente a Evolução com bases unicamente científicas e é bem didático, com boas ilustrações. Aconselho para aqueles com desejo de conhecer bem os limites da Evolução. Fiz questão de doar um exemplar para a Biblioteca da minha faculdade, onde já deve estar disponível.

·                *Claude A. Villee, BIOLOGIA, 7ª Edição, Editora Interamericana Ltda, 1979, 841 páginas. Antigo mas bem escrito e didático.

·                César da Silva Junior, Sezar Sasson. CESAR E SEZAR, BIOLOGIA, Volume 3, 6ª Edição, Atual Editora, 1992, 370 páginas. Um típico livro de Ensino Médio, sucinto na maioria dos assuntos abordados e suficiente para compreensão de todos os assuntos biológicos do texto.

·                Enciclopédia Delta Universal, 1985?. Na verdade qualquer boa enciclopédia serve, para pesquisa de quase todos os assuntos de uma maneira agradável e diferente da abordagem usual dos livros, pois contém a história dos assuntos e outros relacionados.

·                Jean Flori, Henri Rasolofomasoandro. EM BUSCA DAS ORIGENS – Evolução ou Criação?, Editorial Safeliz, 2002, 342 páginas. Outro livro criacionista editado pela SCB e à venda em seu site, mais voltado para Geologia e Paleontologia, bem ilustrado. Ainda não li.

·                www.creationscience.com. Site muito bom com a bem estruturada Teoria das Hidroplacas. Contém assuntos como geologia, paleontologia, astronomia, biologia, e outros. Muitíssimo interessante.

·                Scientific American Edição Especial nº 2, “Novo Olhar sobre a Evolução Humana”, Novembro de 2003.  Maravilhoso resumo das tendências atuais na Antropologia, com algumas divergências importantes e novas evidências para o surgimento do ser humano. Isso para o evolucionismo, é claro.

 

 

§       Referências por Tópicos.

 

I)                  Diversidade Humana e Genética Populacional

 

·          + William K. Purves, David Sadava, Gordon H. Orians, H. Craig Heller. VIDA – A CIÊNCIA DA BIOLOGIA, 6ª Edição, Porto Alegre: Artmed, 2002, 1126 páginas.  Definição de Evolução na pg 1063. Sobre os primatas e a origem do Homem nas páginas 595-600. Para uma introdução à generalização evolutiva ver Capítulo 1 – Uma Moldura Evolucionária para a Biologia, pgs 1-13, com crítica ao criacionismo! No Capítulo 21 – Os Mecanismos da Evolução, pg 398-411, há uma explanação ótima sobre Genética de Populações, podendo-se entender a possibilidade de grandes variações populacionais em pouco tempo. Ver também sobre Hereditariedade e Genética.

·          Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, Companhia Editora Nacional, 1976. Termo “Evolução”.

·          + Scientific American Edição Especial nº 2, “Novo Olhar sobre a Evolução Humana”, Novembro de 2003.  Revista com artigos ótimos, com uma visão atual e abrangente do assunto. Essencial para aqueles sem acesso a textos especializados e interessados, passando pelos mais antigos hominídios, Neandertais, hipóteses da origem do Homo sapiens, entre outros.

·          + *Claude A. Villee, BIOLOGIA, 7ª Edição, Editora Interamericana Ltda, 1979, 841 páginas. Sobre a Evolução do Homem ver capítulo 33, pg 699-722. Para uma explanação boa sobre o Método Científico e as Generalizações importantes nas ciências biológicas ver capítulos 1 e 2, pgs 1-18. Genética de Populações está bom no Capítulo 30, pg 640-51. O estudo de Davenport para a herança da cor da pele está na página 596. Procurar também Hereditariedade, Herança Poligênica, entre outros.

·          + *Reinhard Junker, Siegfried Scherer, EVOLUÇÃO – UM LIVRO TEXTO CRÍTICO, 1ª Edição, Editado pela SCB, 2002, 328 páginas.  Para o método científico e história do pensamento evolucionista ver capítulos 1 e 2, pg 12-25. A explicação evolutiva para a origem da Humanidade está nas páginas 245-268, com os problemas nesse modelo. Conceitos de “pool” gênico e outros utilizados estão nas pgs 47-63.

·          + *American Institute of Biological Sciences, “Biological Science Molecules to Man”, 1963. Não peguei mais dados sobre este livro, que possui nos primeiros capítulos uma explicação muito boa sobre a ciência e seus métodos, a melhor de todas dessas referências.

·          *Humberto C Carvalho. “Fundamentos de Genética e Evolução”, 3ª Edição, Editora Atheneu, 1987, Capítulo 29: Origem e Evolução do Homem, pg523. Um capítulo com explicações interessantes, muitas já reformuladas, bom para verificar algumas idéias antigas no modelo evolutivo.

·          *William K. Gregory. “Our Face From Fish to Man”, 1965. Livreto com a análise criteriosa das características faciais, especialmente ósseas, seguindo dos peixes até um atleta romano, passando por um macaco e um negro. Parece engraçado, mas é sério e até interessante.

·          César da Silva Junior, Sezar Sasson. CESAR E SEZAR, BIOLOGIA, Volume 3, 6ª Edição, Atual Editora, 1992, 370 páginas. Genética de Populações com conceitos básicos no Capítulo 17, pg 186-91.

·          *Scientific American Brasil nº11, 2003, pg 35. Esqueci de pegar o título do artigo e mês da revista. Discussão sobre o cruzamento de Neandertais com humanos e parentesco entre eles. Bom ver os desentendimentos na área para perceber que o Evolucionismo não é tão impecável como nos fazem crer.

·          Livros de História. Procurar os eventos ocorridos nos últimos 200 anos, e também em 2000 anos. Quantas páginas ocupam tais períodos? Quantos eventos apenas no Brasil? Qual a capacidade de reprodução e exploração do ambiente do ser humano? Entendendo a extensão desse tempo, fica fácil entender a proposta criacionista.

 

II)               Diferenciação dos Animais

 

·          + William K. Purves, David Sadava, Gordon H. Orians, H. Craig Heller. VIDA – A CIÊNCIA DA BIOLOGIA, 6ª Edição, Porto Alegre: Artmed, 2002, 1126 páginas. Ver distinção entre micro-evolução e macro-evolução nas páginas 379 e 407. Ver a Seleção e seus limites nas pgs 396-7 e 405-7, que parece muito bem explicada nesse livro. As mutações e sua relação com Evolução estão nas pgs 233-7 e 408-9.

·          + *Reinhard Junker, Siegfried Scherer, EVOLUÇÃO – UM LIVRO TEXTO CRÍTICO, 1ª Edição, Editado pela SCB, 2002, 328 páginas.  Os tipos básicos estão no capítulo 3, pgs 28-46. As mutações e seus limites estão nas pgs 63-70 e mais detalhadas nas pgs 96-134. A Seleção é analisada nas páginas 70-9. Bons exemplos de diferenciação e parentesco nos capítulos 3, 4 e 5.

·          + *Claude A. Villee, BIOLOGIA, 7ª Edição, Editora Interamericana Ltda, 1979, 841 páginas. Sobre mutações e evolução ver pgs 658-60 e seleção na pg 655. Explicação sucinta.

·          DNA, Genética, “pool” gênico, ver “Genética de Populações” nas referências do tópico I.

·          *Scientific American (EUA), volume 290, número 6, Junho 2004, pg 86. Explicação de porque a Evolução considerava que utilizávamos apenas 10% do cérebro...

 

III)            Pingüins

 

·          Mapas oceânicos e terrestres com relevo. Procurar correntes marítimas e montanhas próximas ao Oriente Médio.

·          Enciclopédia Delta Universal, 1985?. Ou outras boas enciclopédias. Termos “pingüins”, “oceano”, “Ararat”, “Oriente Médio”, “Antártida”, “Galápagos”, “capivara”.

·          Observação. Utilizar os mesmos conceitos dos tópicos I, II e VI, como genética de populações, seleção, dispersão e outros, nas referências próprias.

 

IV)          Dilúvio, Deriva dos Continentes e Hidroplacas

 

·          + www.creationscience.com. Contém o livro do Dr Brown na íntegra, com a Teoria das Hidroplacas e muitíssimas outras informações.  Essa Teoria analisa bem o Dilúvio em uma base natural, com explicação da grande maioria das evidências geológicas existentes. Aconselho ir para o “Table of Contents” e procurar o assunto que mais lhe interessar.

·          www.globalflood.org. Outra visão sobre o Dilúvio de modo natural. Não conheço.

·          Jean Flori, Henri Rasolofomasoandro. EM BUSCA DAS ORIGENS – Evolução ou Criação?, Editorial Safeliz, 2002, 342 páginas. Bastante voltado para Geologia e Paleontologia, com os vieses encontrados na interpretação evolucionista e uma interpretação alternativa baseada no Dilúvio, aparentemente não relacionada às Hidroplacas.

·          http://domingos.home.sapo.pt/index.html. Site de Geologia não criacionista, com a Tectônica de Placas e muitos outros assuntos relacionados. Visitei apenas por cima, e parece bom e atual, para contrastar com as idéias criacionistas apresentadas e verificar alguns dados citados, como a composição das montanhas.

·          + Enciclopédia Delta Universal, 1985?. Ou outras boas enciclopédias. Termos “montanhas”, “tectônica de placas” e especialmente “Deriva dos Continentes”. Ainda não li bem esse tópico, mas possui a história dessa Teoria com suas comprovações e motivos de não ser aceita por todos os cientistas, e também explicação para a causa do movimento dos continentes. Vale a pena ver como ela depende de suposições de difícil comprovação, como as “correntes de convecção” no manto terrestre.

·          Livros de Biologia gerais. Normalmente contém alguma explicação sobre a Deriva dos Continentes.  Procurar neles por “Pangéia”, “Origem da Terra”, passado distante, etc.

 

V)             Arca de Noé, Animais e Plantas no Dilúvio

 

·          + William K. Purves, David Sadava, Gordon H. Orians, H. Craig Heller. VIDA – A CIÊNCIA DA BIOLOGIA, 6ª Edição, Porto Alegre: Artmed, 2002, 1126 páginas. Para o número de animais e vegetais existentes, ver pgs 434-5. Estudar resistência de sementes, ovos, larvas e artrópodos nos capítulos correspondentes a cada assunto.

·          + Enciclopédia Delta Universal, 1985?. Termos “Navios”, “Navegação”, “Pirâmides”. Perceber capacidade humana em projetar e construir eficientemente desde o princípio da História. Termos “Plantas”, “insetos” e outros relacionados para pesquisar.

·          + www.creationscience.com.  O Dilúvio natural, deve conter alguma parte sobre a Arca de Noé, suas dimensões e seu conteúdo, mas não tenho certeza.

·          Jean Flori, Henri Rasolofomasoandro. EM BUSCA DAS ORIGENS – Evolução ou Criação?, Editorial Safeliz, 2002, 342 páginas. No capítulo 24, pg 247, começa a discussão sobre o Dilúvio, suas conseqüências e logo após.  Também fala da Arca, mas não conheço bem esse livro.

·          Livros de Biologia. Procurar de artrópodos, plantas, ovos, sementes, larvas, etc.

 

VI)          Dispersão dos Animais pelo Mundo

 

·          + William K. Purves, David Sadava, Gordon H. Orians, H. Craig Heller. VIDA – A CIÊNCIA DA BIOLOGIA, 6ª Edição, Porto Alegre: Artmed, 2002, 1126 páginas. Capítulo 57 – Biogeografia, tenta explicar a distribuição atual dos animais segundo a Evolução, e muito pode ser aproveitado no criacionismo. Capítulo 54 – Ecologia de Populações e Capítulo 55 – Ecologia de Comunidades também têm informações importantes sobre a dispersão, ver discussão no tópico para mais detalhes.  No Capítulo 20 – A História da Vida na Terra, pode-se encontrar quando surgiram e radiaram as aves e quando os continentes se separaram.

·          César da Silva Junior, Sezar Sasson. CESAR E SEZAR, BIOLOGIA, Volume 3, 6ª Edição, Atual Editora, 1992, 370 páginas. Capítulo 23 – A Dinâmica das Populações, pg 242-5, sobre crescimento exponencial, dispersão, limitação de ambiente e alimentos, entre outros.

·          + *Claude A. Villee, BIOLOGIA, 7ª Edição, Editora Interamericana Ltda, 1979, 841 páginas. Parte 8 – Ecologia, Capítulo 35 – Sinecologia: Comunidades, Biomas e Biotopos, especialmente seções 35-3 e 35-5, sobre dispersão e sucessão respectivamente, bem escrito e didático.

·          Enciclopédia Delta Universal, 1985?. Procurar os animais e plantas citados no tópico e sua história.

 

VII)       Estruturas Vestigiais, Ontogenia, Evolução Celular

 

No terceiro parágrafo deste tópico já tem algumas referências para estruturas vestigiais e os comentários pertinentes.

·          + Fritz Kahn, O CORPO HUMANO, Editora Civilização Brasileira SA, 6ª Edição, 1966, 2 volumes com cerca de 400 páginas cada. Um livro fantástico e atual em muitos aspectos, e mesmo o autor sendo evolucionista (segundo pode ser percebido em algumas partes do livro), explica a função dos órgãos humanos sem apelar para “vestígios” qualquer. Para os pêlos e os dentes também fala algo.

·          + *Livros de Anatomia, Fisiologia e Embriologia atuais.  A grande maioria dos “vestígios” evolucionistas tem utilidade para o organismo e possuem alguma função, mesmo que hoje em dia não sejam relevantes para a sobrevivência.

·          Scientific American Brasil número 30, Novembro de 2004, pg 54. Artigo sobre a função do “lixo” que ocupa 95% do DNA humano, inclusive sendo agora considerado mais novo na escala filogenética, quando deveria ser mais antigo.

·          + *Reinhard Junker, Siegfried Scherer, EVOLUÇÃO – UM LIVRO TEXTO CRÍTICO, 1ª Edição, Editado pela SCB, 2002, 328 páginas.  O capítulo 9 – Semelhanças, páginas 169-73 contém alguns exemplos de “vestígios” e sua explicação. O Capítulo 10 – Embriologia e Filogenia trata da ontogenia, “vestígios” nos embriões e Haeckel.

·          Revista Criacionista número 70, 1º semestre de 2004, Editada pela SCB. O artigo Improbidade Científica dos Livros-Textos de Biologia, pg 46, trata de alguns assuntos comumente mal considerados nos livros de Biologia, como a origem da vida, os embriões de Haeckel e as mariposas de Manchester.

·          Livros de Biologia, Anatomia e Fisiologia. Normalmente têm algumas explicações sobre os pêlos e suas funções, assim como para os dentes e seu processo de formação e remodelagem.

·          + William K. Purves, David Sadava, Gordon H. Orians, H. Craig Heller. VIDA – A CIÊNCIA DA BIOLOGIA, 6ª Edição, Porto Alegre: Artmed, 2002, 1126 páginas. Capítulo 43 – Desenvolvimento Animal, pgs 756-67, para as diferenças na embriogênese (especialmente o início) nas classes de vertebrados. Na página 262 fala dos seres multicelulares mais simples e os critérios para multicelularidade. Nas pgs 476-9 está a hipótese do surgimento da célula eucariótica.

·          + *Claude A. Villee, BIOLOGIA, 7ª Edição, Editora Interamericana Ltda, 1979, 841 páginas. No capítulo 27 – Desenvolvimento Embrionário, pgs 550-61 podem ser observadas as diferenças no início da embriogênese dos vertebrados, enquanto no Capítulo 32 – As Evidências da Evolução, pgs 691-3, está a recapitulação da filogênese pela embriogênese, ou seja, no decurso do desenvolvimento dos embriões se repete a história evolutiva, mesmo com um princípio diferente!

 

O surgimento de nova informação genética normalmente está abordado nas partes de genética dos livros de Biologia, e no Livro Texto Crítico está na parte IV. Em Vida – A Ciência da Biologia, está no Capítulo 24 – Evolução Molecular e Genômica.

Para a transformação das bactérias, procurei nos livros já citados de Biologia, especialmente o VIDA, e também no Trabulsi de Microbiologia e alguns outros na faculdade.

 

      Agora acabou.  Ufa...

PRIMEIRA MENSAGEM
de Rafael A B Pavani

PRIMEIRA RESPOSTA
de Marcus Valerio XR

SEGUNDA MENSAGEM
de Rafael A B Pavani

SEGUNDA RESPOSTA
de Marcus Valerio XR

TERCEIRA RESPOSTA
de
Marcus Valerio XR

FINALMENTE!!!
Fevereiro 2008